20.02.2017 Views

TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

notícias muito promissoras em relação aos dados do MEC/Inep/Saeb, o que indicia<br />

que temos um longo caminho a trilhar no ensino de leitura e de escrita.<br />

Uma escola que, ao longo de doze anos, não consegue contribuir efetivamente para<br />

formar leitores no nível adequado ao que deles se espera é, em certa medida, aquele<br />

restaurante fechado no horário das refeições principais. Informações e dados como<br />

esses aqui explicitados, somados aos diversos relatos de professores que atuam em<br />

regência de classe em todos os componentes curriculares, justificam a necessidade<br />

de ressignificação de práticas pedagógicas no ensino e na avaliação dos processos de<br />

leitura e de escrita. Nosso enfoque nestas reflexões será dado à avaliação formativa<br />

da produção de textos no contexto escolar.<br />

O que nos tranquiliza nesse debate é a convicção de que ler e escrever são práticas<br />

sociais, embora complexas, suscetíveis de serem ensinadas e aprendidas também na<br />

escola, o que torna inadiável a discussão sobre a abordagem pedagógica e sobre a<br />

avaliação dessas práticas no contexto escolar.<br />

1. Avaliação formativa: um olhar sobre processos, e não sobre pessoas<br />

Na perspectiva formativa de avaliação, o foco são os processos de aprendizagem dos<br />

sujeitos, e não os sujeitos em si. No modelo meramente classificatório, nosso velho<br />

conhecido, avaliam-se pessoas para sumariamente distribuí-las numa lista que não<br />

agrega nenhuma informação relevante para o percurso de formação delas. Esse fetiche<br />

que temos pela classificação parece ser um traço cultural da nossa sociedade: nos<br />

preocupamos sempre em eleger “o melhor” filme brasileiro de todos os tempos, “a<br />

melhor” atriz brasileira, “o melhor” presidente da história etc. Na escola, contudo, a<br />

eleição do “melhor” aluno da classe ou da própria escola não serve para outra coisa,<br />

a não ser para excluir os que não ficam nas posições mais prestigiadas da lista – um<br />

rol muitas vezes elaborado por critérios alheios a questões de ordem pedagógica. Essa<br />

lista classificatória que fazemos há séculos é um bom expediente para alimentarmos<br />

um processo silencioso, e ao mesmo tempo escandaloso, verificado nas escolas brasileiras:<br />

a exclusão para o lado de dentro.<br />

Excluir para o lado de dentro, além de paradoxal, uma vez que toda escola deveria ser,<br />

sobretudo, um espaço de inclusão social, é também um sinal de que os modelos escolares<br />

que seguimos hoje, e que são reproduzidos há muito tempo, estão exauridos, porque não<br />

correspondem mais às expectativas sociais e culturais de um mundo novo, desafiador<br />

AVALIAÇÃO FORMATIVA, REGISTROS REFLEXIVOS E PRODUÇÃO DE <strong>TEXTOS</strong><br />

253

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!