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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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nos diferentes contextos sociais: na convivência cotidiana com a família e amigos, no<br />

trabalho, na igreja, na escola etc. De fato, as instituições que frequentamos estabelecem<br />

modelos de comunicação orais e escritos que realizam certas ações recorrentes<br />

em determinadas circunstâncias. Alguns modelos nos permitem pouca ou nenhuma<br />

inovação, como o gênero cheque, que circula nas relações bancárias e comerciais, ou<br />

o gênero formulário de pedido de férias, usado nas empresas e nos órgãos públicos.<br />

Outros gêneros institucionais, como a aula, a conversa com o gerente ou a carta de<br />

demissão, são mais abertos à criatividade e ao estilo pessoal do produtor, mas, de<br />

qualquer forma, têm padrões formais e funcionais a serem observados. No entanto,<br />

“os gêneros tipificam muitas coisas além da forma textual; são parte do modo como<br />

os seres humanos dão forma às atividades sociais” (BAZERMAN apud DIONÍSIO;<br />

HOFFNAGEL, 2005, p. 31).<br />

Nosso conhecimento e reconhecimento dos gêneros e de seu funcionamento institucional<br />

é que nos possibilita, por exemplo, decidir como devemos comunicar alguma<br />

coisa a nosso chefe, no trabalho. Conversa pessoal, telefonema, memorando, e-mail<br />

ou bilhetinho – a escolha de um desses gêneros vai depender das rotinas usuais<br />

na empresa, das relações do funcionário com o chefe, da importância ou gravidade<br />

das informações. E, em determinadas situações, há riscos a correr, consequências a<br />

assumir, quando se decide não seguir os padrões.<br />

Para Bazerman, a padronização das ações de linguagem é que explica o sentido que<br />

atribuímos a determinados documentos e a submissão sem questionamento que<br />

assumimos diante de certos formulários ou procedimentos. Por exemplo: por que<br />

aceitamos assinar ponto, quando todos sabem que estamos presentes no local de<br />

trabalho e que realizamos nossas tarefas normalmente? Essa ação de linguagem<br />

padronizada, embora possa parecer sem sentido, é um dos elementos que organizam<br />

nossa vida social. Ou seja, o gênero ponto é um elemento de organização coletiva nas<br />

instituições de trabalho.<br />

Interpretando Bakhtin, Faraco, citado por Marcuschi (2005, p. 23), afirma que gêneros<br />

do discurso e atividades são mutuamente constitutivos.<br />

O pressuposto básico da elaboração de Bakhtin é que o agir humano não se dá independentemente<br />

da interação; nem o dizer do agir. Numa síntese, podemos afirmar<br />

que, nessa teoria, estipula-se que falamos por meio de gêneros no interior de determinada<br />

esfera da atividade humana. Falar não é, portanto, apenas atualizar um código<br />

gramatical num vazio, mas moldar o nosso dizer às formas de um gênero no interior<br />

de uma atividade.<br />

REDAÇÃO ESCOLAR: UM GÊNERO TEXTUAL?<br />

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