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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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Na persuasão, além da qualidade dos argumentos, é imprescindível que o produtor<br />

utilize conectivos que articulem os argumentos tanto entre si quanto com o ponto<br />

de vista defendido. Aqui, a avaliação recai sobre o fato de que a persuasão é a<br />

condução do leitor/ouvinte pelo produtor por um caminho específico. Vejamos o<br />

exemplo a seguir para discutir de que forma esse produtor constrói seu caminho<br />

de persuasão:<br />

Exemplo 6 – Caminho da persuasão<br />

A preocupação de ONGs e dos pais frente ao abuso excessivo das propagandas apresentadas<br />

às crianças é compreensível, uma vez que além de incentivar o consumo, elas vendem a ideia<br />

de realização, excluindo de certa maneira aqueles que não podem possuir determinado bem.<br />

Todavia, a restrição da comunicação com o referido público, não resolve o problema e pode<br />

comprometer o desenvolvimento crítico do indivíduo, por não poder conhecer o mundo de<br />

forma mais abrangente.<br />

Vejamos que, no trecho acima, o participante apresenta algumas ideias interessantes:<br />

a primeira é a de que a preocupação de pais e organizações não governamentais<br />

(ONG) a respeito do abuso da publicidade merece ser compreendida. Ou seja, o<br />

participante quer deixar claro que a preocupação não é algo banal e precisa ser<br />

levada em conta. Mas por quê? Essa pergunta é essencial para entendermos o<br />

caminho persuasivo escolhido pelo participante. A resposta é introduzida com um<br />

bom conectivo de explicação (“uma vez que”), seguido do argumento de que as<br />

propagandas não apenas incentivam o consumo, mas também transmitem uma<br />

ideia de realização, gerando exclusão das pessoas que não podem fazer parte do<br />

ciclo de consumo. Nesse mesmo trecho, vale a pena ressaltar ainda dois pontos: o<br />

primeiro é o uso do conectivo “além de”, que permite a introdução de um argumento<br />

mais fraco (ou mais óbvio, no caso, o incentivo ao consumo), seguido de outro<br />

mais forte (ou menos óbvio, no caso, a ideia de realização). Esse uso mostra que<br />

o participante tem um bom conhecimento da forma como os recursos linguísticos<br />

podem contribuir para a construção do caminho argumentativo do texto.<br />

O outro ponto a destacar é uma consequência articulada com o segundo argumento, o<br />

mais forte. Ali, o produtor do texto defende haver uma exclusão do ciclo de realização<br />

(pessoal e social, possivelmente) daquelas pessoas que não podem consumir, algo<br />

bastante sério num período da história em que se fala tanto em exclusão, igualdade e<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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