TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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1. Proposta de leitura<br />
Durante a análise de alguns textos escritos pelos participantes do Enem, pudemos<br />
constatar certa regularidade no uso de algumas figuras retóricas. Na figura 1, tentamos<br />
sintetizar alguns desses usos.<br />
Como já dissemos, toda figura retórica — assim como todo discurso — tem um componente<br />
implícito. No caso dos usos localizados nos textos, percebemos que a conotação pode ser<br />
marcada como um recurso retórico-argumentativo, que busca a interlocução com o leitor<br />
e uma possível persuasão deste, e também como um recurso lógico-discursivo, que faz da<br />
figura uma ferramenta de construção de sentido no intuito de conferir concisão textual.<br />
Enquanto recurso retórico-argumentativo, as figuras se dividiriam entre marcadores de<br />
uma crítica ideologicamente implícita no texto e como ideias extraídas de um senso comum<br />
que o autor parece ativar, como forma de validar social e coletivamente seu argumento.<br />
Já as figuras com função lógico-discursiva servem como operadores argumentativos<br />
para conferir objetividade ao texto. De fato, não agem sozinhas porque não têm o<br />
mesmo caráter persuasivo do ramo retórico-argumentativo. No entanto, sem elas os<br />
textos tenderiam a ficar mais densos porque o locutor precisaria de mais recursos<br />
para evitar fazer uma personificação ou uma metonímia, por exemplo.<br />
Optamos por não descrever o conceito das figuras analisadas, uma vez que este texto<br />
não se presta a problematizar essas categorias, além de os conceitos serem facilmente<br />
encontrados em outros materiais didáticos. Como se pode ver na figura 1, relacionamos<br />
na análise dos textos as seguintes figuras: metáfora, comparação, metonímia, hipérbole,<br />
antítese, paradoxo, ironia, personificação e perífrase, sem prejuízo daquelas que<br />
não foram mencionadas. Optamos por manter a integridade da escrita das redações,<br />
inclusive com os desvios gramaticais, e os destaques aos trechos analisados foram<br />
feitos com itálico.<br />
É importante salientar que em diversas redações encontramos metáforas, algumas<br />
servindo para conferir objetividade ao raciocínio no texto e outras como forma de<br />
levantar uma crítica mais direta. Além disso, em certos casos, algumas figuras carregam<br />
forte carga metafórica, porém, diante do contexto e das marcas intencionais,<br />
optamos pela análise da outra figura que também se aproxima da interpretação.<br />
Casos como esses serão explicitados nos apontamentos abaixo, inclusive porque, a<br />
depender do ponto de vista do leitor, os marcadores de conotação podem assumir<br />
funções e intenções diferentes.<br />
A CONSTRUÇÃO DO ARGUMENTO COM FIGURAS RETÓRICAS EM <strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong><br />
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