TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS
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justiça sociais. Esses elementos, portanto, articulam-se bem com a ideia do produtor<br />
de que a preocupação com o abuso da publicidade é compreensível.<br />
Na segunda parte do trecho, o participante defende que a restrição das propagandas<br />
não pode ser encarada como a solução do problema. Vemos claramente que essa<br />
ideia se opõe de certa maneira ao modo como ele havia tratado antes a questão do<br />
abuso da publicidade infantil. Por isso, o trecho é muito bem inserido pelo conectivo<br />
“todavia”, que tem função de opor a ideia anterior àquela inserida nesse trecho.<br />
No texto, no entanto, não vemos uma explicação clara para o fato de a restrição à<br />
publicidade infantil não resolver o problema. O que o produtor faz é acrescentar à<br />
primeira afirmação aquela de que a restrição “pode comprometer o desenvolvimento<br />
crítico do indivíduo, por não conhecer o mundo de forma mais abrangente”.<br />
Aqui, certamente, o participante está fazendo uma referência à ideia geral apresentada<br />
no Texto III da proposta, a respeito da necessidade de preparar a criança para o<br />
que o mundo oferece, o que poderá torná-la um consumidor mais consciente. Para<br />
o caminho persuasivo, essa referência é ótima porque, além de se colocar como um<br />
raciocínio válido (não estar em contato com a publicidade pode comprometer o senso<br />
crítico da criança), o produtor mostra que compreendeu o texto motivador e soube<br />
inseri-lo no lugar correto em seu próprio texto para contrabalançar a opinião que<br />
havia dado antes. Além disso, pode servir como oposição a uma tese óbvia: a de que a<br />
restrição/proibição da publicidade infantil é a melhor ação para combater os possíveis<br />
malefícios causados por esse tipo de marketing.<br />
Embora o texto do participante possa ser considerado um excelente exemplo de persuasão,<br />
coerente com as exigências de um texto dissertativo-argumentativo, dois pontos poderiam<br />
ser melhorados, além de questões de norma-padrão que deixaremos de lado por não ser<br />
o foco do nosso texto. O primeiro é a eliminação da redundância que aparece no final<br />
da primeira linha: “abuso excessivo”. O participante deveria optar por uma das duas<br />
expressões, já que todo abuso é um excesso e, ao se cometer um excesso, é muito provável<br />
que se esteja cometendo um abuso. O segundo é a explicação de por que a restrição não<br />
resolveria o problema, se há excessos nas publicidades infantis.<br />
Na conclusão, como se vê a seguir, o participante defende que a responsabilidade<br />
maior é dos pais, mas, ainda assim, acredita que “a regulamentação dos meios comunicativos<br />
é necessária no intuito de valorizar temáticas mais educativas”, ou seja, de<br />
alguma forma, ele defende algum tipo de restrição a partir de mecanismos de controle.<br />
Logo, o texto não é totalmente coerente, perdendo, portanto, em seu final, parte do<br />
poder argumentativo que havia construído no trecho analisado acima.<br />
A ANÁLISE DO TEXTO <strong>DISSERTATIVO</strong>-ARGUMENTATIVO<br />
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