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TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

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Nessa perspectiva da variação dos textos em razão dos contextos em que circulam, a<br />

linguística, sobretudo aquela de orientação pragmática, tem proposto e desenvolvido<br />

a categoria discursiva de gêneros textuais, na pretensão de caracterizar as especificidades<br />

das manifestações culturais concernentes ao uso da língua e de facilitar o<br />

tratamento cognitivo desse uso, seja oral, seja escrito (ANTUNES, 2009, p. 210).<br />

A base da classificação de gêneros textuais está, portanto, na conformidade ao contexto<br />

sociocomunicativo: é nas práticas sociais e discursivas que uma cadeia de enunciados<br />

(sentenças ou palavras) constitui ou não um texto. É situada em suas condições de<br />

produção que uma sequência de palavras articula sentidos. Tudo porque os textos<br />

são formatados segundo as necessidades de seus objetivos e das relações sociais entre<br />

seus interlocutores.<br />

Consequentemente, diferentes gêneros vão sendo formatados de maneiras diferentes<br />

ao longo das práticas discursivas. Uns apresentam seções ou partes bem distintas,<br />

como a receita culinária, por exemplo, que se divide em “ingredientes” e “modo de<br />

fazer”, ou as cartas que começam com local, data e vocativo, e assim por diante. Esses<br />

formatos são histórica e culturalmente construídos e, por isso, apesar de relativamente<br />

estáveis, 2 também sofrem mudanças. São as comunidades e sociedades que, ao longo<br />

do tempo, vão definindo como deve ser organizado um texto.<br />

Assim reconhecemos que, na produção de um texto, oral ou escrito, o nível de linguagem,<br />

as características da situação, a relação social entre os interlocutores e as<br />

finalidades das atividades desenvolvidas interferem na sua textualidade. Por isso,<br />

precisamos levar em consideração todos esses elementos como parte integrante<br />

das escolhas linguísticas que fazemos ao construir um texto. Ou seja: não apenas<br />

escolhemos as palavras e as frases para compor um texto, como também seguimos<br />

o gênero em que vamos realizar esse texto. Esses condicionantes, que situam o texto<br />

em sua circulação sociocultural e que são tradicionalmente tratados como elementos<br />

“externos”, acabam por se integrar de modo indissociável aos elementos linguísticos,<br />

tradicionalmente considerados internos. É nessa integração que os sentidos<br />

são produzidos: sem que os chamados aspectos “formais” sejam independentes dos<br />

chamados aspectos de “conteúdo”.<br />

Apenas para efeitos de análise e sistematização, a classificação dos textos quanto a<br />

aspectos que os situam socialmente varia de acordo com as culturas e com as épocas<br />

2. Bakhtin (2000) define gêneros – a que chama “discursivos” – como estruturas relativamente estáveis que se constroem histórica e<br />

culturalmente; por isso, culturas diferentes e épocas diferentes decidem o que é um texto adequado, ou não adequado, à sua situação<br />

de produção/leitura.<br />

<strong>TEXTOS</strong> <strong>DISSERTATIVO</strong>-<strong>ARGUMENTATIVOS</strong>: SUBSÍDIOS PARA QUALIFICAÇÃO DE AVALIADORES<br />

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