2001 - Escola Superior do Ministério Público
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Revista Jurídica da ESMP - n.º 2<br />
O historia<strong>do</strong>r grego Dionísio de Halicarnasso já assinalou a<br />
analogia entre a ditadura romana e a esimnetia grega. As causas eram<br />
similares, pois a esimnetia, embora visasse antes crises estruturais<br />
que conjunturais, destinava-se, como a ditadura romana, a salvar a polis<br />
de uma grave crise. Espécie de monarquia eletiva, a esimnetia consistia<br />
– como a ditadura romana – na atribuição de poder extraordinário a um<br />
magistra<strong>do</strong> ímpar para resolver a crise. Mas, ao contrário <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r<br />
romano, o poder <strong>do</strong> esimneta nem sempre se limitava a pouco tempo<br />
(houve esimnetas até vitalícios), como também era mais amplo: incluía<br />
o poder legislativo – o poder de reformar as leis – que o dita<strong>do</strong>r romano<br />
não tinha. As melhores referências à esimnetia foram feitas por<br />
Aristóteles em sua obra “Política”, ao tratar da identificação e classificação<br />
das formas de governo. Fora daí, pouca coisa se sabe.<br />
A suspensão da Constituição<br />
A defesa da Constituição pela suspensão da Constituição surgiu<br />
na França com a Constituição de 13 de dezembro de 1799 (22 Frimário<br />
<strong>do</strong> ano VIII). O seu art. 92 dispunha: “Em caso de revolta a mão armada<br />
ou de distúrbios que ameacem a segurança <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a lei pode<br />
suspender, nos lugares e pelo tempo que determinar, o império da<br />
Constituição. Esta suspensão pode ser provisoriamente declarada, nos<br />
mesmos casos, por decreto <strong>do</strong> governo, se o Corpo legislativo estiver<br />
social sobre os não-cidadãos, que eram os escravos e os estrangeiros (mesmo se habitassem na<br />
cidade ou na sua periferia). Dessa elite de sangue, surgiam os que por diversas formas – monarquia,<br />
tirania, aristocracia, oligarquia, timocracia, democracia, etc. – governavam a sociedade política,<br />
dita polis (entre os gregos) ou civitas (entre os romanos). Em caso de guerra, convocavam-se os<br />
cidadãos às armas e, juntan<strong>do</strong>-se a eles os que lutavam pela partilha <strong>do</strong> butim (bens toma<strong>do</strong>s aos<br />
inimigos venci<strong>do</strong>s), formavam-se as tropas que defendiam a pólis ou cívitas. Só quan<strong>do</strong> algumas<br />
cidades (Roma é o caso típico) começam a expandir seu poder sobre terras e povos longínquos,<br />
forman<strong>do</strong> impérios, é que os exércitos se vão profissionalizan<strong>do</strong>, terminan<strong>do</strong> por assumir papel<br />
relevante na definição <strong>do</strong> poder político. Mas aí já se está chegan<strong>do</strong> à Idade Média européia,<br />
quan<strong>do</strong> o Império Romano ruiu por sua desagregação interna, propician<strong>do</strong> a invasão <strong>do</strong>s bárbaros,<br />
de cuja fusão com os povos romanos surgiu o feudalismo, regime econômico, social, político, em<br />
que as terras, a população e o poder de governo na Europa foram esmigalha<strong>do</strong>s em sociedades<br />
políticos diminutas, unidades territoriais, econômico-político-sociais ditas feu<strong>do</strong>s. No princípio da<br />
alta Idade Média, na virada para o segun<strong>do</strong> milênio da era cristã, intensifica-se na Europa a prática<br />
<strong>do</strong> comércio, cujo desenvolvimento na Idade Moderna levará <strong>do</strong> mercantilismo ao capitalismo e,<br />
no plano político, às revoluções liberais, que marcaram o início da Idade Contemporânea e das<br />
quais a mais radical e típica foi a Revolução Francesa de 1789.