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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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Nações (1776), publicou Theory of moral sentiments (1759). Reveste-se ainda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para o <strong>de</strong>bate consi<strong>de</strong>rado a obra <strong>de</strong> Adam Ferguson (1723/1816), professor <strong>de</strong><br />

moral na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Edinburgo, em especial On Essay on Civil Society, recentemente<br />

reeditado.<br />

A discussão em tomo da natureza <strong>de</strong>sse sentimento iria acentuar o entendimento<br />

da moralida<strong>de</strong> como eminentemente social. David Hume (1711/1776) afirmaria que a<br />

universalida<strong>de</strong> dos juízos morais explica-se pela aprovação ou reprovação a que estão sujeitos<br />

nossos atos. Define a virtu<strong>de</strong> como ação ou qualida<strong>de</strong> da alma que excita um sentimento <strong>de</strong><br />

prazer e aprovação entre "os que a conhecem". O sentimento moral somente po<strong>de</strong> expressarse<br />

numa socieda<strong>de</strong> que julga em conformida<strong>de</strong> com suas próprias medidas.<br />

Vê-se, pois, que a problemática da ética social teve sua gênese no contexto da<br />

formação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> majoritariamente protestante, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>saparece a mediação da<br />

Igreja entre a Criatura e o Criador.<br />

A consi<strong>de</strong>ração da moral social <strong>de</strong> forma autônoma e a admissão da possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seu estabelecimento mediante consenso constituem, pois, momento <strong>de</strong>stacado no processo<br />

<strong>de</strong> formação da moral oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Não há tradução portuguesa dos textos vinculados ao processo <strong>de</strong>scrito, salvo a<br />

primeira carta sobre a tolerância, <strong>de</strong> John Locke (Carta a respeito da tolerância, tradução <strong>de</strong><br />

Jacy Monteiro, São Paulo, Ibrasa, 196~1; no volume <strong>de</strong>dicado a Locke na mencionada<br />

coleção Os Pensadores figura também essa carta, na tradução <strong>de</strong> Anoar Aix). Têm, contudo,<br />

relação direta com essa discussão alguns textos clássicos que se incorporaram à literatura<br />

oci<strong>de</strong>ntal, sem maiores vínculos com sua intenção moralizante original, como as Viagens <strong>de</strong><br />

Gulliver (1726), <strong>de</strong> Jonathan Swift (1667/1745) ou Robinson Crusoe (1719) e Moll Flan<strong>de</strong>rs<br />

(1722), <strong>de</strong> Daniel Defoe (1660/1731).<br />

A completa separação entre moral e religião, no plano teórico, dá-se com a obra<br />

<strong>de</strong> Kant (1724/1804) intitulada Fundamentação da metafísica dos costumes, publicada em<br />

1785.<br />

Kant enten<strong>de</strong> que não há uma contestação da valida<strong>de</strong> dos Dez Mandamentos, ou<br />

melhor, da tradição moral cristã. Mas uma crise <strong>de</strong> seus fundamentos. Dessa forma tomará<br />

como premissa geral a tese <strong>de</strong> que existe a moralida<strong>de</strong>, que as pessoas fazem avaliações<br />

morais, isto é, formulam juízos morais. O problema, a seu ver, está em saber como se<br />

fundamentam tais juízos.<br />

Para encaminhar a solução, Kant apresenta uma síntese verda<strong>de</strong>iramente genial<br />

dos princípios enunciados nos Dez Mandamentos. Formula-a nestes termos: "Proce<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

maneira que trates a humanida<strong>de</strong>, tanto na tua pessoa como na pessoa <strong>de</strong> todos os outros,<br />

sempre ao mesmo tempo como fim e nunca como puro meio". A idéia <strong>de</strong> que o homem é um<br />

fim em si mesmo e não po<strong>de</strong> ser usado como meio <strong>de</strong>ixaria marcas profundas no curso<br />

ulterior da moral oci<strong>de</strong>ntal.<br />

A Fundamentação da Metafísica dos Costumes seria publicada no Brasil pela Cia.<br />

Editora Nacional, em 1964, numa primorosa tradução <strong>de</strong> Antonio Pinto <strong>de</strong> Carvalho. Na<br />

coleção Os Pensadores figura uma tradução <strong>de</strong> Paulo Quintela.<br />

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