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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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Max Weber não se ocupou <strong>de</strong> estabelecer o que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> pré-requisitos<br />

da moral, embora seja precisamente em sua obra que nos tenhamos inspirado para averiguálos.<br />

O pré-requisito essencial, para a existência reconhecida das regras que<br />

convencionamos <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> moral, é a autorida<strong>de</strong>. Littré <strong>de</strong>finiu a autorida<strong>de</strong> como o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> se fazer obe<strong>de</strong>cer. Essa <strong>de</strong>finição tem o mérito <strong>de</strong> chamar a atenção para os traços<br />

essenciais do conceito.<br />

Em primeiro lugar para o po<strong>de</strong>r ao qual se <strong>de</strong>ve obediência. Semelhante po<strong>de</strong>r não<br />

há <strong>de</strong> consistir em nenhuma abstração. A autorida<strong>de</strong> se concebe como encarnada numa<br />

potesta<strong>de</strong> (potentado).<br />

Outra característica consiste em que esse po<strong>de</strong>r é exterior. É claro que posso dizer<br />

que a verda<strong>de</strong> tem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> constranger "com a sua autorida<strong>de</strong>". Mas aqui estamos tratando<br />

da socieda<strong>de</strong> e da moral.<br />

Para se constituir como po<strong>de</strong>r capaz <strong>de</strong> ser obe<strong>de</strong>cido, a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve exercerse<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do valor intrínseco da or<strong>de</strong>m. Mais precisamente: não po<strong>de</strong> estar sujeita<br />

a qualquer tipo <strong>de</strong> avaliação racional.<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Littré não é sobrecarregada com a questão dos meios utilizados<br />

para alcançar a obediência. E, assim, não exclui que essa potência se imponha seja por coação<br />

seja por habilida<strong>de</strong>, por tradição, ou legitimada mediante outros procedimentos etc.<br />

A tese <strong>de</strong> que o pré-requisito essencial da moral é a autorida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> pois ser<br />

enunciada <strong>de</strong>sta forma: o estabelecimento da moral acha-se associado ao surgimento na<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um pólo <strong>de</strong> dominação. Assim, a consi<strong>de</strong>ração dos principais traços da idéia <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong> remete <strong>de</strong> pronto à investigação da natureza da dominação.<br />

Weber.<br />

A natureza da dominação foi consi<strong>de</strong>rada em toda a sua amplitu<strong>de</strong> por Max<br />

Max Weber <strong>de</strong>fine dominação como a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar obediência<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong>terminado para mandatos específicos (ou para toda classe <strong>de</strong><br />

mandatos). Não é, portanto, toda espécie <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercício do "po<strong>de</strong>r" ou<br />

"influxo" sobre outros homens. No caso concreto, esta dominação (autorida<strong>de</strong>) po<strong>de</strong> repousar<br />

nos mais diversos tipos <strong>de</strong> submissão: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o hábito inconsciente até os que são consi<strong>de</strong>rados<br />

puramente racionais com vistas afins. Um mínimo <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> obediência, ou seja, <strong>de</strong><br />

interesse (externo ou interno) em obe<strong>de</strong>cer, é essencial em toda relação autêntica <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong>.<br />

Weber consi<strong>de</strong>ra ainda que toda dominação sobre uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> homens<br />

requer <strong>de</strong> modo normal um quadro administrativo, que po<strong>de</strong> estar ligado à obediência <strong>de</strong> seu<br />

senhor (ou senhores) pelo costume, <strong>de</strong> modo puramente afetivo, por interesses materiais, ou<br />

por motivos i<strong>de</strong>ais (referidos a valores). Mas essas circunstâncias não po<strong>de</strong>m representar os<br />

fundamentos em que a dominação confia. Normalmente se lhes acrescenta outro fator: a<br />

crença na legitimida<strong>de</strong>.<br />

A partir <strong>de</strong> tais consi<strong>de</strong>rações (Primeira parte. III, pág. 170 da ed. cit.), é que<br />

Weber aponta os tipos puros <strong>de</strong> dominação legítima (racional, tradicional e carismática).<br />

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