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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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divertimento, constituem malda<strong>de</strong>, sendo completamente diferente do gracejo, <strong>de</strong>sta<br />

familiarida<strong>de</strong> entre amigos que consiste em rir <strong>de</strong> certas particularida<strong>de</strong>s, tomando-as apenas<br />

em aparência, como se fossem erros, mas como indicando <strong>de</strong> fato uma superiorida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espírito, ou por vezes também estranhas à regra ditada pela moda (e isso não constitui ironia<br />

maldosa). Mas transformar em ridículo erros reais - ou imaginários como se fossem reais – na<br />

intenção <strong>de</strong> tirar da pessoa o respeito que lhe é <strong>de</strong>vido, e a tendência a isso, o espírito<br />

cáustico, possui em si alguma coisa <strong>de</strong> uma alegria diabólica e é, por esta razão, uma violação<br />

bem mais grave do <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> respeito para com os outros homens.<br />

.................................................................................................................................<br />

SEGUNDA SEÇÃO<br />

Dos <strong>de</strong>veres éticos dos homens entre si do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> seu estado<br />

§ 45<br />

Na ética pura esses <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>m dar lugar a uma seção especial<br />

do sistema. Com efeito, eles não contêm princípios <strong>de</strong> obrigação dos homens, como tais, uns<br />

com relação aos outros, e eles não po<strong>de</strong>m pois propriamente constituir uma parte dos<br />

primeiros princípios metafísicos da doutrina da virtu<strong>de</strong>; não são mais do que regras <strong>de</strong><br />

aplicação do princípio da virtu<strong>de</strong> (segundo a forma) aos casos que se apresentam na<br />

experiência (a matéria), modificadas segundo a diferença dos sujeitos, e eis porque, como<br />

todas as divisões empíricas, elas não autorizam nenhuma classificação certa e completa.<br />

Contudo, assim como se pe<strong>de</strong> uma passagem da metafísica da natureza à física, que possui<br />

suas regras particulares, do mesmo modo se pe<strong>de</strong> alguma coisa <strong>de</strong> análogo da metafísica dos<br />

costumes: ou seja, esquematizar, por assim dizer, os puros princípios do <strong>de</strong>ver pela sua<br />

aplicação aos casos da experiência, e apresentá-los inteiramente prontos para o uso<br />

moralmente prático. Que conduta <strong>de</strong>ve-se ter para com os homens, por exemplo, quando eles<br />

estão em um estado <strong>de</strong> pureza moral, ou em um estado <strong>de</strong> corrupção? Quando eles são<br />

cultivados ou incultos? Que conduta convém ao sábio ou ao ignorante? E qual <strong>de</strong>las faz<br />

daquele, no uso <strong>de</strong> sua ciência, um homem <strong>de</strong> trato agradável (polido), ou um sábio<br />

inabordável em sua profissão (um pedante)? Que conduta convém ao homem aplicado às<br />

coisas práticas ou àquele mais vinculado ao espírito e à inteligência? Que conduta <strong>de</strong>ve-se<br />

adotar segundo a diferença dos estados, da ida<strong>de</strong>, do sexo, do estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, da riqueza ou<br />

da indigência etc.? Não resultam daí igual número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> obrigação ética (pois não<br />

existe mais do que uma, a da virtu<strong>de</strong> em geral), mas somente formas <strong>de</strong> aplicação e, por<br />

conseqüência, não po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>senvolvidas como seções da ética e membros da divisão <strong>de</strong><br />

um sistema (que <strong>de</strong>ve a priori proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um conceito da razão), mas somente serem-lhe<br />

acrescidas. – Mas esta própria aplicação integra uma exposição completa do sistema.<br />

CONCLUSÃO DA DOUTRINA ELEMENTAR<br />

Da união íntima do amor com o respeito na amiza<strong>de</strong><br />

§ 46<br />

A amiza<strong>de</strong> (consi<strong>de</strong>rada na sua perfeição) é a união <strong>de</strong> duas pessoas ligadas por<br />

um amor e um respeito iguais e recíprocos. Vê-se facilmente que ela é o I<strong>de</strong>al da simpatia e da<br />

comunicação no que concerne ao bem <strong>de</strong> cada um daqueles que estão unidos por uma vonta<strong>de</strong><br />

moralmente boa, e que se ela não produz toda a felicida<strong>de</strong> da vida, a aceitação <strong>de</strong>ste I<strong>de</strong>al e<br />

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