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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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Weber não viveu a situação configurada com a II Guerra Mundial. Mas<br />

certamente seu posicionamento seria diverso em face do nazismo. Tendo sido um autêntico<br />

campeão no combate ã ética totalitária, não po<strong>de</strong>ria com ela compactuar em qualquer<br />

circunstância.<br />

Como se vê, a ética <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> não quer ser um receituário mas o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento pleno da consciência moral, tendo presente <strong>de</strong>terminados princípios, que<br />

procuraremos resumir adiante, a partir das indicações que nos foram legadas por Max Weber.<br />

b) Os princípios da ética <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

Max Weber apresentou seus pontos <strong>de</strong> vista acerca da ética <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

em alguns textos incluídos em Economia e Socieda<strong>de</strong>, no "Ensaio sobre o sentido da<br />

‘neutralida<strong>de</strong> axiológica’ nas ciências sociológicas e econômicas" (1917) e na conferência "A<br />

vocação do político" (1919). Seus enunciados po<strong>de</strong>riam ser agrupados em dois gran<strong>de</strong>s<br />

grupos que <strong>de</strong>nominaríamos, respectivamente, <strong>de</strong> pressupostos e princípios.<br />

Os pressupostos estão apresentados no tópico anterior e dizem respeito à<br />

preservação da herança kantiana e à modificação essencial que nela introduziu.<br />

Quanto aos princípios, po<strong>de</strong>riam ser enunciados como segue:<br />

1º) A vida humana comporta muitas esferas que escapam à moralida<strong>de</strong> em seu<br />

sentido próprio, nada resultando em favor da moral o empenho <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o seu campo <strong>de</strong><br />

ação, havendo concomitantemente esferas em que se dá um conflito claro entre a moral e os<br />

outros valores.<br />

Existe notoriamente uma tensão entre moral e política e também com as religiões<br />

que obrigam seus seguidores a menosprezar valores consagrados socialmente. Estão neste<br />

caso os sectários que se recusam ao serviço militar, em revi<strong>de</strong> ao que a socieda<strong>de</strong> lhes cassa<br />

os direitos políticos.<br />

A propósito do princípio da ética <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ora enunciado, no citado<br />

ensaio <strong>de</strong>dicado ao tema da "neutralida<strong>de</strong> axiológica", Weber teria oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indicar:<br />

"... <strong>de</strong>vemos repelir a i<strong>de</strong>ntificação que Schmoller fez entre imperativos éticos e<br />

"valores culturais", por mais sublimes que sejam. Isto porque po<strong>de</strong> existir um ponto <strong>de</strong> vista<br />

segundo o qual os valores culturais sejam "obrigatórios", mesmo que entrem em inevitável e<br />

irrecusável conflito com qualquer moral. Inversamente, e sem qualquer contradição interna, é<br />

também concebível uma moral que não aceite quaisquer valores culturais. Mas, <strong>de</strong> qualquer<br />

modo, as duas esferas <strong>de</strong> valores não são idênticas."<br />

Em que pese a conclusão, Weber diz expressamente que semelhante tensão não<br />

torna impeditiva a existência <strong>de</strong> princípios morais válidos universalmente. Prossegue no<br />

referido texto:<br />

“Do mesmo modo, constitui um grave mal entendido, embora muito generalizado,<br />

imaginar que as proposições ‘formais’ tais como as da ética kantiana, não contribuem com<br />

qualquer indicação sobre o conteúdo. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ética normativa não é <strong>de</strong>certo<br />

posta em dúvida pelo fato <strong>de</strong> existirem problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m prática para os quais não po<strong>de</strong><br />

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