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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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4. O sagrado e o profano (1956), <strong>de</strong> Mircea Elia<strong>de</strong> (1907/1986)<br />

Mircea Elia<strong>de</strong> nasceu na capital da Romênia (Bucareste) em 1907. Depois <strong>de</strong><br />

adquirir a sua formação intelectual na pátria <strong>de</strong> origem e interessando-se pelo estudo das a<br />

religiões, concluiu a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Calcutá, na Índia, on<strong>de</strong> permaneceu <strong>de</strong> 1928 a 1931. De<br />

volta a Bucareste publicou seus primeiros estudos em 1935, versando a religião hindu.<br />

Durante a guerra, viveu em Lisboa, radicando-se em Paris no pós-guerra, durante muitos anos,<br />

como professor da École <strong>de</strong>s Hautes Étu<strong>de</strong>s. Finalmente <strong>de</strong>u cursos e orientou teses na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chicago, nos Estados Unidos. Faleceu nessa última cida<strong>de</strong>, aos 79 anos, em<br />

1986.<br />

Elia<strong>de</strong> é parte do movimento intelectual, iniciado por William James (1842/1910),<br />

na América do Norte, que buscou estudar a religião com vistas sobretudo ao conhecimento do<br />

próprio homem e não mais para tentar sondar em que consistiria a divinda<strong>de</strong>. Criou-se assim<br />

uma nova frente <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong>votada à experiência religiosa. Nesse particular, Elia<strong>de</strong> foi<br />

marcado em especial pela obra <strong>de</strong> Rudolf Otto (1869/1937), A idéia do sagrado (1907),<br />

aparecida em 1917. Contudo, não quis seguir a mesma linha <strong>de</strong>sse mestre, criando um novo<br />

método.<br />

Como vimos, Otto utilizou o método transcen<strong>de</strong>ntal, inspirando-se em Kant. Para<br />

este filósofo, o homem não tem acesso à realida<strong>de</strong> em si, construindo um mo<strong>de</strong>lo do que<br />

po<strong>de</strong>ria ser aquela realida<strong>de</strong> com base em conceitos centrais, que <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> categorias.<br />

Assim o real seria estruturado por <strong>de</strong>terminadas categorias. Além disto, tais categorias não<br />

provém da experiência (<strong>de</strong>signou-as como sendo a priori). O verda<strong>de</strong>iro sentido da<br />

experiência religiosa, na visão <strong>de</strong> Otto, seria apreendido por reduzido numero <strong>de</strong> conceitos a<br />

priori, entre os quais o <strong>de</strong> mistério tremendo, fascinação, etc.<br />

Elia<strong>de</strong> também aspira reconstituir a experiência religiosa mediante o emprego <strong>de</strong><br />

alguns conceitos centrais. Contudo, nessa investigação <strong>de</strong>cidiu não utilizar métodos lógico<strong>de</strong>dutivos,<br />

preferindo fazê-lo <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scritiva. Valeu-se do amplo conhecimento que havia<br />

acumulado não apenas das religiões oci<strong>de</strong>ntais e orientais mas igualmente das religiões<br />

arcaicas, assim chamadas por não haver alcançado rigorosa elaboração intelectual, a exemplo<br />

do que se <strong>de</strong>u no induísmo ou no judaísmo.<br />

Mircea Elia<strong>de</strong> adotou postura fenomenológica, <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong>vida a seu criador,<br />

o filósofo alemão Edmund Husserl (1859/1938). Husserl acreditava que a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições<br />

rigorosas (e minuciosas) seria possível apreen<strong>de</strong>r a essência dos fenômenos, idéia que havia<br />

sido abandonada por sua proveniência aristotélico-tomista, isto é, diametralmente oposta à<br />

kantiana, vitoriosa na Filosofia Mo<strong>de</strong>rna. Deste modo, Husserl admitia que o conhecimento<br />

pu<strong>de</strong>sse traduzir a realida<strong>de</strong> em si. Essa hipótese (fenomenológica), viria a ser aplicada a<br />

diversas esferas do conhecimento, inclusive à religião, neste caso da iniciativa <strong>de</strong> Gerardus<br />

van <strong>de</strong>r Leeuw (1898/1950). Ainda assim, Elia<strong>de</strong> inovou gran<strong>de</strong>mente, sobretudo porque seu<br />

estudo consi<strong>de</strong>rava, na prática, todas as experiências religiosas conhecidas.<br />

Elia<strong>de</strong> <strong>de</strong>u conta <strong>de</strong> suas investigações em vasta bibliografia. Consi<strong>de</strong>ra-se,<br />

contudo, que o inteiro teor <strong>de</strong> sua proposta esteja contida no livro O sagrado e o profano,<br />

publicado em 1956. Produziu também um amplo painel do tema a que <strong>de</strong>dicou a vida na obra<br />

História das crenças e das idéias religiosas (em três volumes).<br />

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