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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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epentinamente. Neste último caso, quando se trata <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> santida<strong>de</strong>, há sinais<br />

naturais que irá examinar especificamente. Com exceção <strong>de</strong>ssa última circunstância, conclui,<br />

a experiência <strong>de</strong> conversão não tem por si mesma significação religiosa mas apenas<br />

psicológica. Contudo, os aludidos estudos estatísticos comprovam que "as pessoas que<br />

passaram pela experiência <strong>de</strong> conversão, tendo-se <strong>de</strong>cidido, <strong>de</strong> uma feita, pela vida religiosa,<br />

ten<strong>de</strong>m a sentir-se i<strong>de</strong>ntificadas com ela, por mais que lhes <strong>de</strong>cline o entusiasmo religioso."<br />

No tópico <strong>de</strong>dicado à conversão, James examina a questão da santida<strong>de</strong>. Nesse<br />

ponto, diz que sua análise <strong>de</strong>ve ultrapassar a simples <strong>de</strong>scrição para proce<strong>de</strong>r à sua avaliação.<br />

"Parodiando Kant – escreve –, eu diria que o nosso tema há <strong>de</strong> ser uma Crítica da Santida<strong>de</strong><br />

Pura". Explica porque terá que ater-se ao empirismo estrito e esclarece: "O que, então, me<br />

proponho fazer é, em poucas palavras, experimentar a santida<strong>de</strong> à luz do bom senso, usar<br />

critérios humanos para ajudar-nos a <strong>de</strong>cidir até on<strong>de</strong> a vida religiosa se recomenda como tipo<br />

i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> humana. Se ela se recomendar, quaisquer crenças teológicas que possam<br />

inspirá-la, na medida em que o fizerem, serão acreditadas. Se não, serão <strong>de</strong>sacreditadas, e<br />

tudo isso com referência apenas a princípios humanos <strong>de</strong> trabalho".<br />

Interessa-o a experiência individual e as examina exaustivamente para tipificar <strong>de</strong><br />

modo preciso as diversas atitu<strong>de</strong>s. Assim, embora não poupe elogios a Santa Teresa (“uma<br />

das mulheres mais hábeis, em muitos sentidos, <strong>de</strong>ntre aquelas <strong>de</strong> cuja vida temos<br />

notícia”...”escreveu páginas admiráveis <strong>de</strong> psicologia <strong>de</strong>scritiva, tinha uma vonta<strong>de</strong> à altura <strong>de</strong><br />

qualquer emergência, gran<strong>de</strong> talento para política e negócios”, etc.), infere que revela ser uma<br />

pessoa ávida <strong>de</strong> gratificações ("precisa <strong>de</strong> receber favores pessoais inéditos e graças<br />

espirituais <strong>de</strong> seu Salvador"). Deste modo, a <strong>de</strong>voção é um traço da santida<strong>de</strong> mas essa avi<strong>de</strong>z<br />

<strong>de</strong> estabelecer um cômputo (pedantemente minucioso) <strong>de</strong> atos <strong>de</strong>votos e favores<br />

compensatórios não recomenda a divinda<strong>de</strong>. Afirma: "Quando Lutero, à sua maneira viril,<br />

aboliu com um gesto da mão a própria noção <strong>de</strong> uma conta-corrente com débito e crédito<br />

mantida com indivíduos pelo Todo Po<strong>de</strong>roso, liberou a imaginação da alma e salvou a<br />

teologia da puerilida<strong>de</strong>".<br />

Também a Pureza po<strong>de</strong> pecar por excesso (p. ex.: exclusivida<strong>de</strong> no amor a Deus).<br />

A seu ver, são Luís Gonzaga tipifica o excesso <strong>de</strong> pureza. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver, em <strong>de</strong>talhes, o<br />

seu empenho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovem, <strong>de</strong> alhear-se do mundo, atribuindo a tal comportamento o máximo<br />

<strong>de</strong> excelência, escreve o seguinte: “Nosso julgamento final acerca do valor <strong>de</strong> uma vida como<br />

essa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong> parte, da nossa concepção <strong>de</strong> Deus e do tipo <strong>de</strong> procedimento que<br />

mais agrada a ele em suas criaturas. O catolicismo do século XVI dava pouca atenção à<br />

justiça social; e <strong>de</strong>ixar o mundo nas mãos do diabo, enquanto se salva a própria alma, não era<br />

então reputado um esquema <strong>de</strong>sabonador. Hoje em dia, certa ou erradamente, a solidarieda<strong>de</strong><br />

nos negócios humanos em geral, em conseqüência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas mutações seculares do<br />

sentimento moral, <strong>de</strong> que falei, representa elemento essencial do valor do caráter; e o ser <strong>de</strong><br />

alguma utilida<strong>de</strong> pública ou privada, é também havido por uma espécie <strong>de</strong> serviço divino.<br />

Outros dos primeiros jesuítas, mormente missionários, os Xavieres, os Brébeufs, os Jogues,<br />

eram mentes objetivas e lutavam, a seu modo, pelo bem estar do mundo; por isso as suas<br />

vidas hoje nos inspiram. Mas quando o intelecto, como no caso <strong>de</strong>sse Luís, não é maior que<br />

uma cabeça <strong>de</strong> alfinete e acalenta idéias <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> pequenez semelhante, o resultado, em que<br />

pese o heroísmo exibido, é, no todo, repulsivo. Vemos na lição objetiva que a pureza não é a<br />

única coisa necessária; e é melhor que uma vida contraia muitas marcas <strong>de</strong> sujeira do que se<br />

prive da utilida<strong>de</strong> em seus esforços por conservar-se imaculada".<br />

Na busca pela extravagância religiosa, James refere também os excessos <strong>de</strong><br />

Ternura e <strong>de</strong> Carida<strong>de</strong>. Diz textualmente: "Aqui, a santida<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> enfrentar a acusação <strong>de</strong><br />

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