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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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I – PRINCIPAIS ESTUDOS SOBRE A EXPERIÊNCIA MORAL<br />

1 – O formalismo na ética e a ética material dos valores (1921),<br />

<strong>de</strong> Max Scheler (1874/1928)<br />

Max Scheler (1874/1928) adquiriu familiarida<strong>de</strong> com as questões relacionadas à<br />

especificida<strong>de</strong> das ciências do espírito, na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> noventa, quando<br />

conclui a sua formação acadêmica. Refletem essa familiarida<strong>de</strong> seus primeiros escritos:<br />

Contribuições à <strong>de</strong>terminação das relações entre os princípios lógicos e éticos, 1899, tese <strong>de</strong><br />

doutoramento; O método transcen<strong>de</strong>ntal e o método psicológico, 1900, e O sentimento moral,<br />

1912. Ao longo dos dois primeiros <strong>de</strong>cênios do século, Scheler esteve inicialmente sob a<br />

influência <strong>de</strong> Husserl, experimentando em seguida, sobretudo na época da guerra, uma<br />

espécie <strong>de</strong> crise religiosa que o leva a converter-se ao catolicismo, sendo ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> nascimento<br />

e formação. Depois da guerra, afasta-se sucessivamente da Igreja Católica e busca uma<br />

posição filosófica in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. É nesta fase, até a morte, que se consi<strong>de</strong>ra haja<br />

proporcionado significativas contribuições para explicitar o que seria a problemática própria<br />

do culturalismo, isto é, <strong>de</strong> uma posição filosófica que buscasse superar o neokantismo <strong>de</strong><br />

Cohen sem <strong>de</strong>sconhecer o legado do próprio Kant.<br />

Suas contribuições ao <strong>de</strong>senvolvimento do culturalismo aparecem sobretudo nos<br />

livros que publicou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1921. Vale <strong>de</strong>stacar a distinção que estabelece entre saber e<br />

conhecimento, bem como as formas do saber que procurou i<strong>de</strong>ntificar e que seriam as<br />

seguintes: 1) o mito e a lenda; 2) o saber implícito na linguagem natural do povo; 3) o saber<br />

religioso; 4) o saber místico; 5) o saber filosófico-metafísico; 6) o saber positivo das ciências<br />

e, 7) o saber tecnológico. Entre os livros <strong>de</strong> que se trata, <strong>de</strong>stacam-se os seguintes: Essência e<br />

formas da simpatia (1923); Sociologia do saber (1924); O lugar do homem no cosmo (1928)<br />

e I<strong>de</strong>alismo e realismo em filosofia (1927).<br />

Ainda que nos dois <strong>de</strong>cênios anteriores, como teremos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> referir, o<br />

tema da experiência moral haja sido suscitado na França, pelo impacto que causou, o marco<br />

constitutivo do novo ciclo – contemporâneo – <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da ética seria<br />

proporcionado pela obra <strong>de</strong> Scheler aparecida em 1921, O formalismo na ética e a ética<br />

material dos valores.<br />

Nesse livro, Scheler parte do reconhecimento <strong>de</strong> que a ética kantiana marca um<br />

ponto alto na meditação que o tema mereceu no Oci<strong>de</strong>nte. Dá razão a Kant quando recusa<br />

como fala toda ética que se proponha alcançar a felicida<strong>de</strong>. A esse tipo <strong>de</strong> encaminhamento<br />

chamou <strong>de</strong> “ética <strong>de</strong> bens e fins”. Se os bens fossem os fundamentos últimos das distinções<br />

morais, não haveria critério para criticá-los <strong>de</strong>vendo nos inclinar diante do curso histórico.<br />

Contudo, como entrevia Kant, encontramo-nos em condições <strong>de</strong> avaliá-los, <strong>de</strong>vendo portanto<br />

existir outro critério.<br />

Tais enunciados precisariam ser <strong>de</strong>vidamente qualificados.<br />

Todos os bens presentes ao mundo po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>struídos pelas forças da natureza<br />

ou da história. Essa alteração modificaria o sentido do bem e do mal. Se a ética ficasse na<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>sse mundo <strong>de</strong> bens seria inteiramente relativizada. Scheler dá os seguintes<br />

exemplos <strong>de</strong> bens presentes ao mundo: prosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> existente; Estado;<br />

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