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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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sempre história divina, pois as personagens são os Seres sobrenaturais e os Antepassados<br />

míticos (...)”. Para Elia<strong>de</strong>, como oportunamente lembra Luiz Carlos Lisboa, (3) "o sagrado está<br />

na estrutura da consciência e <strong>de</strong> forma alguma é apenas uma fase da história <strong>de</strong>ssa<br />

consciência.”<br />

Elia<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra que a <strong>de</strong>ssacralização da existência humana correspon<strong>de</strong> a uma<br />

espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>sdobramento da <strong>de</strong>ssacralização da natureza. Contudo, a ignorância do sagrado<br />

po<strong>de</strong> levar, entre outras coisas, a movimentos políticos e profetismo social, <strong>de</strong> que lhe parece<br />

exemplo expressivo a mitologia do comunismo. Escreve: “Marx retoma e prolonga um dos<br />

gran<strong>de</strong>s mitos escatológicos do mundo asiático-mediterrâneo, a saber: o papel re<strong>de</strong>ntor do<br />

Justo (o "eleito", o “ungido”, "o inocente", o "mensageiro"; nos nossos dias, o proletariado),<br />

cujos sofrimentos são chamados a mudar o estatuto ontológico do mundo. Com efeito, a<br />

socieda<strong>de</strong> sem classes <strong>de</strong> Marx e a conseqüente <strong>de</strong>saparição das tensões históricas encontram<br />

seu prece<strong>de</strong>nte mais exato no mito da Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro, que, segundo múltiplas tradições,<br />

caracteriza o começo e o fim da história. Marx enriqueceu este mito venerável <strong>de</strong> toda uma<br />

i<strong>de</strong>ologia messiânica judaica-cristã: por um lado, o papel profético e função soteriológica que<br />

ele atribui ao proletariado; por outro lado, a luta final entre o Bem e o Mal, que po<strong>de</strong><br />

aproximar-se facilmente do conflito apocalíptico entre e o Cristo e o Anticristo, seguido da<br />

vitória <strong>de</strong>cisiva do primeiro".<br />

O culto do sagrado teve o mérito <strong>de</strong> proporcionar sentido á existência humana.<br />

Renunciar a essa experiência secular, equivale a preten<strong>de</strong>r suprimir uma dimensão<br />

intransponível do homem, com os riscos inerentes a esse tipo <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>, isto é, a colocação do<br />

culto do sagrado em lugares in<strong>de</strong>vidos.<br />

(3) Um pioneiro chamado Elia<strong>de</strong>. Cultura – O Estado <strong>de</strong> São Paulo V (309), 1986.<br />

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