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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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herança teológica do pecado, integra-se na ética natural, ditada pelo convívio humano; será a<br />

suprema razão do casamento estável, com funções básicas intransferíveis aos mais perfeitos<br />

órgãos que porventura se venham a organizar socialmente." (transcrito da Carta Mensal,<br />

órgão do Conselho Técnico da Confe<strong>de</strong>ração Nacional do Comércio, n°. 282, setembro <strong>de</strong><br />

1978).<br />

A questão atual da proprieda<strong>de</strong><br />

O texto a seguir correspon<strong>de</strong> à parte final <strong>de</strong> um dos capítulos do livro Da<br />

Revolução à Democracia (2ª edição, São Paulo, Convívio, 1977), do prof. Miguel Reale, exreitor<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e conhecido filósofo do direito: "... (a) tese da necessária<br />

estatização dos meios <strong>de</strong> produção, como instrumento iniliminável <strong>de</strong> justiça social, constitui<br />

um dos mais trágicos mitos da política social <strong>de</strong> nosso tempo, não representando senão uma<br />

abstração, cujas conseqüências funestas são atestadas por sessenta anos <strong>de</strong> insolúvel Ditadura<br />

do Proletariado, cuja ação interna ou externa se confun<strong>de</strong> com os objetivos do imperialismo<br />

russo.<br />

Pois bem, a doutrina econômica que inspira a Democracia Social distingue-se da<br />

marxista exatamente por seu caráter pluralista, pela a<strong>de</strong>rência às realida<strong>de</strong>s concretas, e pela<br />

necessária a<strong>de</strong>quação às conjunturas histórico-sociais do país em que ela é estruturada.<br />

E pluralista porque não se apega, <strong>de</strong> maneira absoluta, a uma única solução <strong>de</strong><br />

Política Econômica, mas reconhece antes que, se o essencial é a participação dos indivíduos<br />

nos benefícios propiciados pelo progresso das ciências e da tecnologia, o que importa não é a<br />

'burocratização das riquezas', mas sim a `socialização do progresso', significando estas<br />

palavras que os bens da civilização <strong>de</strong>vem ser paulatinamente estendidos cada vez mais a<br />

todos os que compõem a coletivida<strong>de</strong>.<br />

Na elaboração dos instrumentos mediante os quais po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve se processar a<br />

redistribuição eqüitativa dos bens individual e socialmente produzidos, ... tríplice é a posição<br />

do Estado: a) ou o Estado reconhece e propulsiona a livre iniciativa, em razão da proprieda<strong>de</strong><br />

privada, segundo a linha dos interesses particulares em concorrência: b) ou o Estado fiscaliza<br />

e coor<strong>de</strong>na essas iniciativas, segundo planos por ele estabelecidos, <strong>de</strong> maneira global ou<br />

setorial; c) ou o Estado chama a si a execução direta da produção e dos serviços, substituindose<br />

aos indivíduos.<br />

Cabe aqui, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, uma observação. Na ampla gama da Política Econômica<br />

própria da Democracia Social, não se po<strong>de</strong> dizer, a priori, que esta ou aquela das três vias<br />

apontadas <strong>de</strong>va excluir as outras duas, porquanto todas <strong>de</strong>vem coexistir, segundo uma<br />

graduação que varia <strong>de</strong> país para país. É importante observar que não é nenhuma preferência<br />

i<strong>de</strong>ológica, <strong>de</strong> caráter individualista ou socialista, pró ou contra o dirigismo econômico, que<br />

<strong>de</strong>termina esse escalonamento <strong>de</strong> soluções, mas tão somente a análise objetiva dos fatores<br />

operantes em cada meio social, à luz <strong>de</strong> suas peculiarida<strong>de</strong>s e contingências históricas. Desse<br />

modo, é variável e pragmático o grau <strong>de</strong> ‘privatização’ ou <strong>de</strong> ‘estatização’ existente,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo a escolha também <strong>de</strong> elementos ligados à formação tradicional <strong>de</strong> cada<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

Em qualquer hipótese, porém, tal como ocorre na maioria das <strong>de</strong>mocracias<br />

sociais, mesmo naquelas governadas por partidos socialistas não marxistas, como é o caso da<br />

Alemanha, reconhece-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservar a ‘economia <strong>de</strong> mercado’, tanto no plano<br />

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