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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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praticada para consigo, como propósito <strong>de</strong> incitar os outros a mais uma benevolência; pois<br />

seria então servir-se do reconhecimento simplesmente como <strong>de</strong> um meio em vista <strong>de</strong> outros<br />

fins pessoais; o reconhecimento é, ao contrário, uma necessida<strong>de</strong> imediata imposta pela lei<br />

moral, ou seja, um <strong>de</strong>ver.<br />

Mas também o reconhecimento <strong>de</strong>ve ser ainda particularmente consi<strong>de</strong>rado como<br />

um <strong>de</strong>ver santo, ou seja, como um <strong>de</strong>ver cuja violação (como exemplo escandaloso) po<strong>de</strong><br />

anular a motivação moral da beneficência em suas próprias bases. Com efeito, <strong>de</strong>nomina-se<br />

santo o objeto moral relativamente ao qual a obrigação não po<strong>de</strong>ria jamais ser perfeitamente<br />

exaurida por nenhum ato que lhe seja conforme (on<strong>de</strong> o obrigado permanece sempre<br />

obrigado). Todo outro <strong>de</strong>ver é um <strong>de</strong>ver ordinário. – Não existe nenhum meio <strong>de</strong> pagar um<br />

benefício recebido, porque aquele que recebe o benefício não po<strong>de</strong> jamais compensar o<br />

privilégio do mérito que alcançou aquele que Iho <strong>de</strong>u, e que consiste em ter sido o primeiro a<br />

ser benevolente. – Mas mesmo sem um tal ato (<strong>de</strong> beneficência) a simples benevolência<br />

<strong>de</strong>coração, com relação a um benfeitor, já é uma espécie <strong>de</strong> reconhecimento. Denomina-se<br />

gratidão a semelhante intenção reconhecida.<br />

§ 33<br />

No que diz respeito à extensão do reconhecimento, ele não se esten<strong>de</strong> somente aos<br />

contemporâneos, mas também aos ancestrais, mesmo àqueles que não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>signar com<br />

exatidão. É também a razão pela qual se consi<strong>de</strong>ra pouco conveniente não <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, tanto<br />

quanto possível, os antigos que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como nossos mestres, contra todos os<br />

ataques, as acusações e o <strong>de</strong>sprezo que lhes dirijam; mas a esse propósito é puro erro colocálos,<br />

em razão <strong>de</strong> sua antigüida<strong>de</strong>, acima dos mo<strong>de</strong>rnos quanto ao talento e à boa vonta<strong>de</strong>, e<br />

<strong>de</strong>sprezar, por comparação, tudo que é novo, como se o mundo se afastasse sempre mais <strong>de</strong><br />

sua perfeição original segundo as leis da natureza.<br />

No que diz respeito à intensida<strong>de</strong>, ou seja, o grau da obrigação própria a esta<br />

virtu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se estimá-la segundo a utilida<strong>de</strong> que o obrigado retirou do benefício, e segundo<br />

o <strong>de</strong>sinteresse com o qual o benefício lhe foi prodigalizado. O menor grau é <strong>de</strong>volver ao<br />

benfeitor serviços idênticos, se ele po<strong>de</strong> recebê-los (se ainda está vivo) ou, se não po<strong>de</strong>, a<br />

outros homens. É também não consi<strong>de</strong>rar um benefício recebido como um fardo <strong>de</strong> que se<br />

gostaria muito <strong>de</strong> ser aliviado (porque aquele que gozou <strong>de</strong> um favor está em um grau mais<br />

abaixo do que aquele que lhe prestou, e isso fere o seu orgulho), mas aceitar ao contrário a<br />

ocasião <strong>de</strong> ser reconhecido como um benefício moral, ou seja, como uma possibilida<strong>de</strong> dada<br />

<strong>de</strong> praticar esta virtu<strong>de</strong>, que na profun<strong>de</strong>za íntima da intenção benevolente traz também a<br />

ternura da benevolência (a atenção dirigida ao menor grau <strong>de</strong>sta na representação do <strong>de</strong>ver), e<br />

<strong>de</strong> cultivar assim o amor da humanida<strong>de</strong>.<br />

C<br />

A simpatia é em geral um <strong>de</strong>ver<br />

§ 34<br />

A simpatia pela alegria ou aflição <strong>de</strong> outrem é certamente o sentimento sensível<br />

<strong>de</strong> um prazer ou <strong>de</strong> uma dor (que por esta razão <strong>de</strong>vem ser esteticamente <strong>de</strong>signados) obtidos<br />

do estado <strong>de</strong> contentamento, assim como do sofrimento, <strong>de</strong> outrem (compaixão, participação<br />

sensível), ao qual a natureza tornou os homens receptivos. Ora, usar <strong>de</strong>sta simpatia como um<br />

meio para por em obra a benevolência ativa e racional é ainda um <strong>de</strong>ver, ainda que<br />

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