17.04.2013 Views

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

textos que <strong>de</strong>dicou à matéria e foram preservados (Política, III), <strong>de</strong>ste modo: "Uma cida<strong>de</strong>,<br />

claro está, não é um simples amontoado para evitar as <strong>de</strong>ficiências mútuas e intercambiar os<br />

serviços. Estas são duas <strong>de</strong> suas condições necessárias, mas que não <strong>de</strong>terminam a cida<strong>de</strong>.<br />

Uma cida<strong>de</strong> é uma reunião <strong>de</strong> casas e <strong>de</strong> famílias para viver bem, isto é, para realizar uma<br />

vida perfeita e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte". Quer dizer, Aristóteles não separa a política da moral como se<br />

dá nos tempos mo<strong>de</strong>rnos. Política e ética estão <strong>de</strong> certa forma superpostas, confundindo-se os<br />

objetos <strong>de</strong> ambas porquanto a segunda trata das virtu<strong>de</strong>s e dos meios <strong>de</strong> adquiri-las, sendo<br />

condição da felicida<strong>de</strong>, que, por sua vez, é o objetivo visado pela cida<strong>de</strong>.<br />

Na <strong>Ética</strong> a Nicômaco (Livro VI) afirma que as virtu<strong>de</strong>s intelectuais são: arte,<br />

ciência, sabedoria, filosofia e inteligência. Da sabedoria diz não ser nem arte nem ciência,<br />

cumprindo-lhe dirigir a ação moral.<br />

Do Livro I, Gauthier <strong>de</strong>stacou o Capítulo I <strong>de</strong>nominando-o <strong>de</strong> Prólogo. Aristóteles<br />

afirma aqui que a ação moral ten<strong>de</strong> para o bem como para o seu fim. Avança em seguida a<br />

hipótese da multiplicida<strong>de</strong> dos fins e busca hierarquizá-los para afirmar a existência do<br />

Supremo Bem. Sendo a política a mais alta ciência or<strong>de</strong>nadora, seu fim é o Supremo Bem.<br />

No mesmo prólogo, Gauthier insere partes dos capítulos 3 e 6 on<strong>de</strong>, a seu ver,<br />

Aristóteles trata do método da investigação para ressaltar que do moralista se exige rigor <strong>de</strong><br />

raciocínio.<br />

Quanto ao auditório, acha que os jovens não são apropriados para integrá-lo.<br />

Enfatiza ainda que não se trata apenas <strong>de</strong> adquirir conhecimentos mas estar <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> regras<br />

para a ação. Do Livro I, Gauthier reúne as <strong>de</strong>mais partes sob o título geral <strong>de</strong> "O Bem<br />

Supremo ou a Felicida<strong>de</strong>".<br />

No que respeita aos aspectos gerais da obra, cumpre <strong>de</strong>stacar ainda que, ao<br />

contrário da visão judaica, na perspectiva <strong>de</strong> Aristóteles a virtu<strong>de</strong> não é obrigatória ou mesmo<br />

passível <strong>de</strong> ser atingida por todos. Requer alguns pré-requisitos, entre estes a riqueza e a<br />

saú<strong>de</strong>. A tese está apresentada ao fim do capítulo 8 do Livro I, da forma adiante:<br />

"Nestas condições, as ações conformes à virtu<strong>de</strong> serão por si mesmas agradáveis<br />

mas, seguramente, ao mesmo tempo que boas e belas. E agradáveis, boas e belas no mais alto<br />

grau, se e verda<strong>de</strong> que se julga bem o virtuoso; e consi<strong>de</strong>ra-se que é como o dissemos.<br />

Por conseguinte, a felicida<strong>de</strong> é ao mesmo tempo bem supremo, beleza suprema e<br />

supremo prazer e não é necessário separarmos estas proprieda<strong>de</strong>s, como se dá na inscrição<br />

existente em Délos:<br />

"A suprema beleza é a justiça;<br />

o bem mais precioso, a saú<strong>de</strong>.<br />

Mas o prazer supremo é unir-se<br />

ao objeto <strong>de</strong> seu amor."<br />

Estas proprieda<strong>de</strong>s com efeito pertencem todas três às melhores ativida<strong>de</strong>s e são<br />

estas ativida<strong>de</strong>s, ou uma <strong>de</strong>ntre elas, a melhor, que constituem, segundo a nossa <strong>de</strong>finição, a<br />

felicida<strong>de</strong>.<br />

Nossa <strong>de</strong>finição concorda também com a opinião segundo a qual a felicida<strong>de</strong><br />

exige, além da virtu<strong>de</strong>, bens exteriores.<br />

72

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!