17.04.2013 Views

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTE III – NOVA MUDANÇA NO OBJETO DA ÉTICA:<br />

O PERÍODO CONTEMPORÂNEO<br />

Introdução<br />

O tema da experiência cultural, <strong>de</strong> um modo geral, e da experiência moral,<br />

jurídica, religiosa, etc., em particular, tornou-se central na Filosofia Contemporânea, com a<br />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se impôs às diversas correntes. A questão central consistia em superar a<br />

interdição positivista quanto à impossibilida<strong>de</strong> da metafísica. Na consecução <strong>de</strong>sse objetivo,<br />

os neo-kantianos seriam melhor sucedidos. Hermann Cohen (1842/1918) conseguiu que o<br />

<strong>de</strong>bate filosófico na Alemanha passasse a girar em torno das questões por ele suscitadas. Na<br />

altura da Primeira Guerra Mundial, o neokantismo, também conhecido como Escola <strong>de</strong><br />

Marburgo, on<strong>de</strong> Cohen ocupava a cátedra <strong>de</strong> filosofia, era a corrente dominante naquele país.<br />

O problema da experiência cultural emergiu na medida em que Cohen não<br />

proporcionou uma solução satisfatória para a conciliação entre a meditação filosófica sobre a<br />

natureza (mais precisamente sobre a ciência natural) e a meditação filosófica voltada para a<br />

moral, justamente a dificulda<strong>de</strong> com que Kant viria a esbarrar. Essa insatisfação <strong>de</strong>u origem<br />

ao <strong>de</strong>nominado culturalismo (Wilhem Win<strong>de</strong>lbland {1848/1915) e Heinrich Rickert<br />

(1863/1936), entre outros, por sua vez conhecidos como Escola <strong>de</strong> Ba<strong>de</strong>n).<br />

Logo adiante também a corrente fenomenológica voltou-se para a experiência<br />

moral, na pessoa <strong>de</strong> Max Scheler (1874/1928).<br />

Na Inglaterra, ocorreu igualmente a reação contra o positivismo, na medida em<br />

que este não dava conta da reviravolta ocorrida com a física – preso que estava ao conceito<br />

oitocentista <strong>de</strong> ciência –, <strong>de</strong> que surgiu o neopositivismo. Este entretanto não se preocupou<br />

com a especificida<strong>de</strong> da criação humana. Em contrapartida, os filósofos norte-americanos –<br />

que se consi<strong>de</strong>ravam her<strong>de</strong>iros e continuadores da tradição empirista inglesa – o fizeram.<br />

Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos vinte impõe-se novo objeto à ética. Agora o problema<br />

nuclear é a experiência moral. Os textos básicos ao tema <strong>de</strong>dicados são estes: O formalismo<br />

na ética e a ética material dos valores (1921), <strong>de</strong> Max Scheler; a <strong>Ética</strong> (1926), <strong>de</strong> Nicolai<br />

Hartmann (1822/1950) e Morale théorique et science <strong>de</strong>s moeurs (l937), <strong>de</strong> Georges Gurvitch<br />

(1894/1965),em cuja análise nos <strong>de</strong>teremos. Como procuraremos <strong>de</strong>monstrar – e, aliás, não<br />

po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> outra forma, tratando-se do saber filosófico –, o caminho percorrido acaba por<br />

suscitar novos problemas.<br />

A par do comentário <strong>de</strong>sses textos e da solução que proponho para fazer avançar a<br />

discussão, entendo ser imprescindível distinguir experiência moral <strong>de</strong> experiência religiosa.<br />

Assim, intercalarei, entre os dois mencionados troncos da análise, o exame do novo<br />

encaminhamento que o século XX proporcionou ao estudo do fenômeno religioso.<br />

148

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!