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Tratado de Ética - Instituto de Humanidades

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certo <strong>de</strong>senvolvimento das cida<strong>de</strong>s." (Economia e socieda<strong>de</strong>. Segunda parte. IX. Sociologia<br />

da dominação. VIII. Dominação política e hierocracia. Volume II da tradução espanhola, Ed.<br />

Fondo <strong>de</strong> Cultura, págs. 908-910).<br />

Weber adverte que não se po<strong>de</strong> imaginar nenhuma <strong>de</strong>pendência unívoca <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que a racionalização do religioso tem suas próprias leis e sobre estas as condições econômicas<br />

influem tão somente como "vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento", achando-se relacionada, antes <strong>de</strong> tudo,<br />

a um certo <strong>de</strong>senvolvimento da educação sacerdotal.<br />

Tenha-se presente ainda, segundo se enfatizou, que, para Weber, quando se trata<br />

da análise sociológica, "moral" não se distingue nitidamente do que "vale por motivos<br />

religiosos".<br />

d) Núcleo e periferia da moral oci<strong>de</strong>ntal. Conceituação e <strong>de</strong>terminação do conteúdo<br />

A moral oci<strong>de</strong>ntal se constitui <strong>de</strong> um núcleo básico que vem sendo enriquecido<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Decálogo: o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> pessoa humana. Esse i<strong>de</strong>al não se formulou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, mas<br />

experimenta alguns momentos básicos em sua evolução.<br />

O primeiro correspon<strong>de</strong> aos próprios Dez Mandamentos. O segundo equivale ao<br />

conceito <strong>de</strong> pessoa humana elaborado na Ida<strong>de</strong> Média, tomando por base o método <strong>de</strong> análise<br />

racional estruturado na Grécia, notadamente as discussões em torno do livre arbítrio. E,<br />

finalmente, o terceiro consiste no ciclo que vai do pleno florescimento da idéia <strong>de</strong> ética social,<br />

na Inglaterra, na primeira meta<strong>de</strong> do século XVIII, à obra madura <strong>de</strong> Kant na segunda meta<strong>de</strong><br />

daquele século.<br />

No enunciado prece<strong>de</strong>nte está pressuposta a hipótese <strong>de</strong> que o código judaicocristão,<br />

em que pese se tenha formulado em nome <strong>de</strong> Deus, comporta interpretação racional,<br />

isto é, não se constitui num simples elemento <strong>de</strong> fé. Assim, antes <strong>de</strong> caracterizar as idéias que<br />

configuram o núcleo básico da moral oci<strong>de</strong>ntal, empreen<strong>de</strong>remos uma breve análise daquele<br />

Código, análise essa que nos permitirá igualmente configurar o que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> periferia<br />

do núcleo básico.<br />

A pergunta inicial seria a seguinte: Comporta o código judaico-cristão uma<br />

interpretação racional?<br />

O código judaico-cristão encontra-se nos textos bíblicos. É apresentado como<br />

emanação direta <strong>de</strong> Deus. A par disto, o relato bíblico insere não poucas contradições,<br />

facultando ainda múltiplas interpretações, tão diversas a ponto <strong>de</strong> haver gerado no seio da<br />

religião cristã a gran<strong>de</strong> cisão <strong>de</strong> que resultou o protestantismo.<br />

Esse código, contudo, impregnou <strong>de</strong> modo radical a cultura do Oci<strong>de</strong>nte. Por essa<br />

razão, as correntes racionalistas da Época Mo<strong>de</strong>rna sentiram-se tentadas a <strong>de</strong>bruçar-se sobre a<br />

Bíblia e reinterpretá-la.<br />

Embora Kant houvesse <strong>de</strong>finido o Iluminismo como aquele movimento através do<br />

qual "os homens saem da menorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que são eles mesmos responsáveis sobretudo em<br />

questões <strong>de</strong> religião", ("Resposta à questão: o que é iluminismo", <strong>de</strong>zembro, 1784, in<br />

Filosofia da história, tradução francesa, Paris, Aubier Montaigne, 1947, pág. 91), a crítica<br />

bíblica somente assume feição <strong>de</strong>finida nos meados do século passado, na medida em que se<br />

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