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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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SUMÁRIO ANALÍTICODois eventos – entre outros – têm destacada importância no desenvolvimento recente dopaís. Um deles consistiu no avanço e praticamente no termo de transição d<strong>em</strong>ográfica, iniciadano fim dos anos 1970. Se, de um lado, esta anunciava certo arrefecimento da pressãod<strong>em</strong>ográfica sobre serviços sociais básicos, como saúde e nutrição infantil, educação básica,extensão da escolaridade para os jovens entrando na vida ativa etc., de outro, trazia probl<strong>em</strong>asinéditos para o brasileiro, destacando-se o de haver crescente volume de pessoas idosas comsuas específicas necessidades e experiência quase inexistente para atendê-las a contento.O outro evento, conexo ao primeiro, reside nas contraditórias tendências do desenvolvimentobrasileiro desde os anos 1980. Embora frequent<strong>em</strong>ente chamada de “década perdida” –principalmente por haver ficado, então, à marg<strong>em</strong> dos movimentos de globalização –, narealidade esta foi marcada por notáveis mudanças: paulatina e incompleta red<strong>em</strong>ocratização;forte <strong>em</strong>ergência de diferenciados movimentos sociais; maior afluência de população pararegiões metropolitanas (RMs) e para centros polarizadores de porte médio do interior noSul – Sudeste e, na sequência, para centros do Nordeste e do Centro-Oeste. E por aí adiante.No sumo, ensaiavam-se algumas condições básicas para vindouro ciclo de redução das enormesdesigualdades deixadas por acelerado crescimento e transformação da economia moderna,ocorridos nas décadas anteriores.Não obstante, as frustradas tentativas de recuperação da dinâmica econômica – <strong>em</strong> meioàs persistentes e elevadas taxas de inflação, aos impactos das reiteradas crises provocadas peladívida externa e aos vários surtos recessivos e de instabilidade dos rumos do sist<strong>em</strong>a produtivoe das políticas públicas – tenderam não apenas a agravar as desigualdades de rendas eoportunidades sociais, mas a torná-las mais nítidas e a diss<strong>em</strong>inar, entre os grupos afetados,a percepção das distâncias sociais e das disparidades de níveis de vida a que estas conduziam.E tudo isso ainda se tornou mais evidente quando finalmente se conseguiu firmar a estabilidad<strong>em</strong>onetária e robustecer os fundamentos macroeconômicos. Pois tais vantagens vieramacompanhadas de custo social relativamente elevado, marcado pelo crescimento tímido eintermitente no resto dos anos 1990, com pífia acumulação de capital e, por conseguinte,acentuada precarização do <strong>em</strong>prego de par com a queda nos níveis da proteção social e daqualidade dos serviços públicos e, ainda, com a reconcentração das rendas.Não surpreende, portanto, que aflorass<strong>em</strong> novos focos de conflito social. Tanto há maismulheres trabalhando quanto se revelam as desigualdades de gênero no trabalho como noutrasdimensões da participação social. A rapidez com que estas atividades extradomiciliaressurgiram, predispondo-as a maior autonomização pessoal, não seria acompanhada, porém,de mudanças substanciais nos padrões das relações familiares e interpessoais, <strong>em</strong> especial comos homens, o que se traduziu na revelação dos dramas de violência familiar decorrentes, <strong>em</strong>parte, deste descompasso.

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