12.07.2015 Views

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas PúblicasEntretanto é importante ressalvar que algumas correntes, notadamente institucionalistas, 4rechaçam a introdução de mecanismos participativos no bojo da d<strong>em</strong>ocracia representativa.Tais visões defend<strong>em</strong> que a consolidação das d<strong>em</strong>ocracias na América do Sul ocorreria porintermédio das instituições representativas por ser a única via capaz de reproduzir comportamentosd<strong>em</strong>ocráticos. Outras vias seriam consideradas iniciativas populistas e antid<strong>em</strong>ocráticasou retrocesso na consolidação do regime, uma vez que conspirariam contra instituições nointuito de alguns líderes alcançar<strong>em</strong> relação direta com eleitores, s<strong>em</strong> intermediação institucional,e ao mesmo t<strong>em</strong>po criar<strong>em</strong> divisões sociais com potencial para grandes conflitos e crises:O raciocínio institucionalista liberal é o de que os líderes populistas buscam suplantar as instituiçõesd<strong>em</strong>ocráticas, enfraquecendo o parlamento, os partidos políticos e mesmo instituiçõessociais como a Igreja e a imprensa. Dessa forma, essas lideranças seriam altamente nocivas àd<strong>em</strong>ocracia uma vez que estimulariam na população sentimentos avessos a uma verdadeira culturacívica e de respeito às regras do jogo constitucional. Esse populismo criaria ainda divisões nasociedade, um ambiente de conflito polarizado e maiores riscos ao equilíbrio da economia, tudoisso <strong>em</strong> razão de uma busca pessoal por poder, que na prática acaba tendo vida curta e deixandouma herança perniciosa (COUTINHO, 2006, p. 121).2.2 Constituição Federal de 1988: institucionalização dos espaços de participaçãosocial na d<strong>em</strong>ocracia brasileiraNão obstante a pesada repressão às lutas sociais e as manifestações populares contrárias à políticado regime de exceção, o marco mais importante da luta pela maior participação popularna esfera pública teve sua orig<strong>em</strong> no bojo da resistência contra a ditadura militar, a partir dosanos 1970 e ao longo dos anos 1980, quando novos movimentos populares e segmentos daclasse média organizaram-se, “de costas para o <strong>Estado</strong>”, <strong>em</strong> torno das reivindicações urbanas,como educação, saúde, moradia, saneamento e transporte coletivo. Assim, após período deluta “às escondidas” – entre 1968 e 1977 –, despontaram novas expressões da luta social,como as Comunidades Eclesiais de Base (CEB) e o vigoroso movimento operário do ABCpaulista. Em 1979 acontece o congresso de refundação da União Nacional dos Estudantes(UNE) e no início dos anos 1980 nasc<strong>em</strong> a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e oMovimento dos Trabalhadores Rurais S<strong>em</strong>-Terra (MST), dando orig<strong>em</strong> a período de ascensãodas lutas populares no <strong>Brasil</strong>. De acordo com Diniz e Boschi (1989), estes movimentos<strong>em</strong>ergiram tanto como manifestações de massa esporádicas e não estruturadas, como tambémformatos mais organizados centrados nos locais de moradia, mobilizados por interesses ligadosa serviços urbanos e bens de consumo coletivo, passando por coletividades aglutinadas aoredor de atributos, como sexo e raça, além dos movimentos de cunho religioso e movimentosde defesa do meio ambiente.Ciconello, <strong>em</strong> recente artigo publicado pela Oxfam International, destaca a estratégia de articulaçãoe mobilização dos novos movimentos sociais no bojo da ditadura militar, afirmando que:4. A tese central da corrente institucionalista é que as instituições são decisivas para determinação do comportamento político (HALL; TAYLLOR, 2003).800

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!