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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas PúblicasNesse sentido, t<strong>em</strong>-se outra inovação trazida por esta iniciativa do governo federal, queé a de responsabilizar mais os estados pelas ações voltadas à prevenção e ao enfrentamento daviolência contra as mulheres. Para tanto, são disponibilizados recursos desde que cumpridasexigências relacionadas ao planejamento, à amplitude das ações – abrangendo todos os eixosdo pacto –, à potencialização das iniciativas, à regionalização da política, ao compromissodos atores envolvidos. Com isto, a política ganha força, aumentam-se as possibilidades decapilarizar as ações e o monitoramento tende a tornar-se mais efetivo. Adicionalmente, <strong>em</strong>poderam-seos organismos executivos de políticas para mulheres e suas titulares.Além disso, cabe ainda ressaltar a importância do pacto para avanço e consolidação da PolíticaNacional de Enfrentamento da Violência contra as Mulheres à medida que amplia o escopo conceitualda violência de que as mulheres são as vítimas principais. Direciona-se, assim, a um conceito deviolência que abarca mais efetiva e concretamente uma perspectiva de gênero, vinculada à ideia deencarar a violência como fenômeno integral, para além do foco restrito ao sujeito <strong>em</strong>pírico mulheres.Outro el<strong>em</strong>ento de análise do pacto refere-se à tensão existente entre implantar serviçosespecializados no atendimento à mulher vítima de violência e adequar para tal atendimento osserviços sociais já existentes. Esta é tensão bastante presente na política desde o início de suaimpl<strong>em</strong>entação. Por um lado, defende-se que é preciso expandir de maneira significativa a redede atendimento especializado, levando casas-abrigo, centros de referência, delegacias especializadase outros serviços a quantos municípios quanto for possível. Por outro lado, argumenta-seque, devido às dimensões de nosso país e a todos os custos envolvidos na implantação destesserviços, estes jamais poderão ser garantidos <strong>em</strong> todos os municípios e para todas as mulheres eque, portanto, é preciso adequar os serviços existentes que já são capilarizados. A preocupaçãomaior é a de garantir que, <strong>em</strong> qualquer localidade, mulher vítima de violência possa ter acessoa serviço público de qualidade, humanizado, integrado e completo.A estratégia adotada no desenho do pacto, de selecionar<strong>em</strong>-se municípios-polo, somadaà meta de capacitar os profissionais do Cras e do Creas, reflete que se optou por adequar osserviços sociais existentes para atendimento das vítimas de violência. Isto é, os municípiospoloserão as localidades que contarão com serviços especializados e, nos d<strong>em</strong>ais, será garantidoatendimento adequado nos centros que já atend<strong>em</strong> a população. Para tanto, faz-se necessárioamplo processo não somente de capacitação, mas também de adequação de espaçosfísicos, negociação com os responsáveis pela condução do atendimento etc. Todas as possíveisportas de entrada para mulheres <strong>em</strong> situação de violência – como Deams, delegacias comuns,hospitais ou órgãos do Poder Judiciário – dev<strong>em</strong> ter conhecimento das políticas e normas <strong>em</strong>vigor e ser capazes de atender e orientar as cidadãs, garantindo todos os seus direitos.No caso dos centros de assistência social, t<strong>em</strong>-se longo e difícil debate que passa porquestões ideológicas, ligadas à concepção de família, à centralidade da família na políticasocial e à sobreposição de direitos sociais e coletivos a direitos individuais e civis das mulheres.Diante disso, é preciso que se fomente mudança de paradigmas e mentalidades, de forma queos diferentes setores do <strong>Estado</strong> e do serviço público convirjam no sentido de garantir o plenoexercício de direitos a todos os cidadãos e cidadãs.758

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