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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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Introdução*Quais são, hoje, os qualificativos mais pertinentes à ideia de desenvolvimento, tais que destesse possa fazer uso corrente para avançar na construção de entendimento comum do conceito?Desde o fim da Segunda Guerra Mundial até aproximadamente o começo dos anos1970, desenvolvimento confundia-se com crescimento econômico, pois era entendido, fundamentalmente,como o processo pelo qual o sist<strong>em</strong>a econômico criava e incorporava progressotécnico e ganhos de produtividade no âmbito, sobretudo, das <strong>em</strong>presas.Entretanto, com a constatação de que projetos de industrialização, por si sós, haviamsido insuficientes para engendrar processos socialmente includentes, capazes de eliminar apobreza e combater as desigualdades, foi buscando-se – teórica e politicamente – estabelecerdiferenciações entre crescimento e desenvolvimento e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, incorporar qualificativosque pudess<strong>em</strong> dar conta de ausências ou lacunas para o conceito. No <strong>Brasil</strong>, ex<strong>em</strong>plosintomático deste movimento foi a inclusão do “S” na sigla do BNDE <strong>em</strong> meados dos anosde 1970, com o que o órgão mudou para o nome Banco Nacional de <strong>Desenvolvimento</strong>Econômico e Social.Apesar de representar avanço, não resolvia totalmente a questão. Estavam ainda de forado conceito outros qualificativos importantes que, desde aquela época, já cobravam passag<strong>em</strong>pelos crivos teóricos e políticos pertinentes. Talvez o mais significativo destes, no contextobrasileiro da década de 1970, referisse-se à questão d<strong>em</strong>ocrática: seria possível chamar dedesenvolvimento processo de crescimento econômico s<strong>em</strong> d<strong>em</strong>ocracia?A resposta dada pela sociedade brasileira da época foi “não”. De fato, a incorporaçãode direitos civis e políticos, <strong>em</strong> contexto de crescimento com autoritarismo, tornou-sed<strong>em</strong>anda social e desafio político pr<strong>em</strong>entes para que se pudesse considerar como tal aexperiência de desenvolvimento no <strong>Brasil</strong> da década de 1970. Ainda assim, era precisoavançar mais. Foi quando ocorreu, com todo vigor, no bojo do processo de red<strong>em</strong>ocratizaçãodo país nos anos 1980, movimento dos mais importantes para a história republicanabrasileira: a conquista e a constitucionalização de direitos sociais, como condição tantopara melhor caracterizar a incipiente d<strong>em</strong>ocracia nacional, b<strong>em</strong> como para ofertar maisconteúdo ao alcance do desenvolvimento brasileiro.No entanto, a dimensão social da d<strong>em</strong>ocracia e do desenvolvimento não está, aindahoje, definitivamente inscrita no imaginário público do país, sendo ponto de <strong>em</strong>bate teóricoe político ainda muito vivo; motivo pelo qual talvez permaneça, na estrutura organizacionalde diversos níveis e áreas de governo – e mesmo <strong>em</strong> organizações do setor privado –, o “social”como símbolo explícito de reivindicação.* Agradecimento especial deve ser dado à nova geração de técnicos de planejamento e pesquisa do <strong>Ipea</strong>, aprovados no concurso recém-concluído,que, por meio do trabalho de revisão e atualização das <strong>em</strong>entas relativas aos sete eixos t<strong>em</strong>áticos do desenvolvimento, presentes no processo <strong>em</strong>curso de fortalecimento institucional do órgão, ajudaram a identificar com maior precisão os qualificativos atuais do desenvolvimento no <strong>Brasil</strong>.

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