12.07.2015 Views

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Diagnóstico e Des<strong>em</strong>penho Recente do Programa Bolsa Família3.4 TrabalhoUma das críticas mais ouvidas na mídia a respeito do Programa Bolsa Família é relativa aoefeito preguiça. Segundo esta crítica, um dos efeitos de condicionar benefício à renda dafamília pode levar a acomodação e diminuir a oferta de trabalho de seus m<strong>em</strong>bros. A anális<strong>em</strong>icroeconômica dos efeitos de transferência condicionada tanto à renda das famílias quantoà frequência à escola de suas crianças não é fácil. Isto por que se trata de análise da oferta detrabalho dos diversos m<strong>em</strong>bros da famílias e há muitos efeitos a ser<strong>em</strong> considerados. O fatode a análise teórica microeconômica jogar pouca luz sobre se há ou não efeito preguiça deixaclaro que se trata de questão <strong>em</strong>pírica. Felizmente, no <strong>Brasil</strong> o interesse pelo t<strong>em</strong>a t<strong>em</strong> sidocrescente uma vez que esta é uma das críticas mais contundentes ao PBF.Foguel e Barros (2008) analisam o efeito dos PCTRs sobre a taxa de participação d<strong>em</strong>ulheres e homens adultos no mercado de trabalho brasileiro utilizando painel de municípioscobertos pela PNAD entre 2001 e 2005. Seus resultados são que os programas de transferênciacondicionada de renda no <strong>Brasil</strong> não mudam o número médio de horas trabalhadas peloshomens, mas aumentam sua taxa de participação e levam a queda nas horas trabalhadas pelasmulheres, s<strong>em</strong> exercer influência sobre sua taxa de participação. Entretanto, Foguel e Barrosressaltam que, apesar de estatisticamente significantes, a magnitude dos efeitos é tão pequenaque pod<strong>em</strong> ser considerados nulos.Teixeira (2008) usa indicador da intensidade de tratamento para estimar se o valor que afamília recebe t<strong>em</strong> impacto sobre a oferta de trabalho. Os resultados encontrados pela autora sãoque não há nenhum – realmente zero – efeito sobre as horas trabalhadas por homens no setorformal. Há efeitos pequenos e não significativos para homens que são trabalhadores autônomos,e há efeitos maiores para mulheres tanto no mercado formal como trabalhadoras autônomas.Cardoso e Souza (2004) usam o Censo de 2000 e o Propensity Score Matching paraestimar o impacto dos programas existentes <strong>em</strong> 2000 sobre frequência escolar e oferta detrabalho de crianças e adolescentes. Os autores encontram, tanto para meninos quanto parameninas, aumento de 3 p.p., significativo e substantivo, da frequência à escola. Para as meninas,os autores encontram diminuições significativas, da ord<strong>em</strong> de 1 p.p., na probabilidade detrabalhar. Para meninos, encontram diminuições que não são estatisticamente significativasda ord<strong>em</strong> de 0,5 p.p.Finalmente, Tavares (2008) analisa o efeito do PBF sobre a oferta de trabalho das mães beneficiárias.As conclusões de Tavares mostram que as mães beneficiárias tend<strong>em</strong> a diminuir sua jornadade trabalho entre 5% e 10%, tanto <strong>em</strong> relação a todas as mães não beneficiárias, quanto <strong>em</strong>relação às mães não beneficiárias com renda familiar per capita de até R$ 260,00. Isto representaentre 1,7 e 0,8 horas de trabalho s<strong>em</strong>anais a menos, o que não é exatamente número substantivo.Em suma, todos os estudos encontram efeitos d<strong>em</strong>asiadamente pequenos para ser<strong>em</strong>relevantes. Há efeito pouco maior apenas para mães, que pod<strong>em</strong> chegar a trabalhar quaseduas horas a menos <strong>em</strong> função de receber o PBF.585

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!