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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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Diagnóstico e Des<strong>em</strong>penho Recente do Programa Bolsa FamíliaEsse desenho descentralizado contrasta com o desenho de outros PTRCs, como o Progresa,cujas estratégias de focalização a acompanhamento de contrapartidas são b<strong>em</strong> maiscentralizadas. Mais adiante ver-se que ambas as estratégias produz<strong>em</strong> resultados mais oumenos equivalentes <strong>em</strong> termos de focalização, <strong>em</strong>bora a brasileira seja muito mais barata,uma vez que conta com estrutura administrativa preexistente nos municípios brasileiros.Apesar dessa estrutura preexistente ser uma das chaves do sucesso do PBF, as relaçõesentre União e municípios no <strong>Brasil</strong> nunca foram fáceis. Após alguma confusão inicial comrelação às responsabilidades dos municípios e do governo federal, <strong>em</strong> maio de 2005 estepassou a firmar termos de adesão com cada município para clarificar o papel de cada um,incluindo a definição de qual agente municipal responderia pelo programa.Em 2006, o governo federal foi um pouco mais ousado e passou a apoiar financeiramentea estrutura administrativa dos municípios, mediante repasse financeiro para prefeituras.A fórmula para o cálculo deste apoio financeiro é simples: valor máximo de R$ 2,50 porfamília beneficiária do PBF, sendo que as 200 primeiras famílias de um município qualquersão r<strong>em</strong>uneradas <strong>em</strong> dobro (LINDERT et al., 2007). Este valor máximo é então multiplicadopelo IGD, que consiste na média simples de quatro porcentagens: i) porcentag<strong>em</strong> das famíliascom renda até meio salário mínimo (SM) no Cadastro Único, com informações coerentese completas; ii) porcentag<strong>em</strong> das famílias com renda até meio salário mínimo no CadastroÚnico, cuja última visita ou atualização foi a menos de dois anos; iii) porcentag<strong>em</strong> das criançasbeneficiárias com informação sobre contrapartidas educacionais completas; e iv) porcentag<strong>em</strong>das famílias beneficiárias com informação sobre contrapartidas de saúde completas.O IGD é a média simples dessas quatro porcentagens. O valor médio não ponderado do IGDsitua-se <strong>em</strong> torno de 74% e a mediana da distribuição é 75%, o que quer dizer que muitos municípiosperd<strong>em</strong> recursos por não ter cadastro ou acompanhamento de contrapartidas de boa qualidade.A composição do IGD não escapa do debate <strong>em</strong> torno das contrapartidas. Note-se qu<strong>em</strong>etade do IGD diz respeito ao cadastro e, portanto, à focalização e à cobertura do programa ea outra metade diz respeito ao acompanhamento das contrapartidas. Para os que consideramque o PBF é essencialmente proteção social, o peso dado à verificação das contrapartidas –50% – é excessivo. Para os que outorgam ao PBF papel importante no incentivo ao capitalhumano, a composição do IGD é adequada e reflete o fato de a função de acumulação decapital humano no PBF ser tão importante quanto a função proteção social.Finalmente, os ministérios setoriais têm papel importante na verificação das contrapartidas.As secretarias municipais de saúde e educação dos municípios não prestam contasdiretamente ao MDS e sim às suas respectivas contrapartes no governo federal, o Ministérioda Saúde (MS) e o Ministério do Educação (MEC). Estes ministérios, por sua vez, repassamas informações ao MDS. Isto facilita a integração do PBF com as políticas setoriais e evitaas críticas frequent<strong>em</strong>ente feitas a programas mais centralizados, como o Progresa, de que seestaria criando política social paralela, à marg<strong>em</strong> dos ministérios e das secretarias de saúde eeducação. É arranjo complexo, mas necessário <strong>em</strong> país fort<strong>em</strong>ente federativo.575

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