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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas Públicas2 Crescente importância dos espaços de participação no bojo dad<strong>em</strong>ocracia representativa2.1 Limites da d<strong>em</strong>ocracia representativaA d<strong>em</strong>ocracia liberal t<strong>em</strong> sido cada vez mais questionada, seja do ponto de vista de suas limitaçõesdecorrentes da fragilidade imposta pela forma representativa, seja pela incapacidade deas instituições promover<strong>em</strong> igualdade de condições sociais dignas para todos. Diferente dad<strong>em</strong>ocracia da Grécia antiga, <strong>em</strong> que havia participação direta dos cidadãos, a d<strong>em</strong>ocracialiberal, baseada na escolha de representantes, conseguiu quantitativamente garantir participaçãode grande número de pessoas, porém qualitativamente seus mecanismos de funcionamentoacabaram limitando atuação da maioria da população nos processos decisórios.Devido ao descontentamento com a concepção liberal de d<strong>em</strong>ocracia, foram surgindonovas concepções, destacando-se as correntes contra-heg<strong>em</strong>ônicas de d<strong>em</strong>ocraciasparticipativa e deliberativa.Pat<strong>em</strong>an (1992), representante da corrente participativa, acredita que a participação possadesenvolver atitudes de cooperação, integração e comprometimento com decisões, b<strong>em</strong> comoaumentar senso de eficácia política. Para isso, a autora defende que a concepção de políticastricto sensu deveria ser ampliada para além da esfera nacional. Habermas (1995, 1997), queformulou a teoria da d<strong>em</strong>ocracia deliberativa, acredita que a d<strong>em</strong>ocracia não pode restringir-sea sist<strong>em</strong>a de seleção de governantes, no qual participação dos cidadãos na política esteja limitadaao momento do voto. Para o autor, decisões políticas do <strong>Estado</strong> não dev<strong>em</strong> estar desancoradasdas d<strong>em</strong>andas advindas do mundo da vida – constituído pela sociedade civil – e, porisso, <strong>em</strong> sua concepção de d<strong>em</strong>ocracia, Habermas concede lugar central ao processo discursivode conformação das opiniões dos cidadãos. 2Em síntese, resguardando todas as diferenças <strong>em</strong> suas formulações teóricas, o queas concepções contra-heg<strong>em</strong>ônicas visam é retomar os valores que foram fundamentaispara d<strong>em</strong>ocracia na sua formulação clássica, como deliberação e participação direta doscidadãos na gestão da coisa pública.De acordo com Santos (2003), no século XX foi intensa a disputa <strong>em</strong> torno daquestão d<strong>em</strong>ocrática, mas, apenas <strong>em</strong> sua última década, com expansão da d<strong>em</strong>ocraciapara a América Latina e para o leste europeu, o debate passou a ser a respeito dos limitesestruturais da d<strong>em</strong>ocracia representativa, já que red<strong>em</strong>ocratização de diversos paísesdo Sul não passou pelo desafio dos limites estruturais da d<strong>em</strong>ocracia. 3 De acordo comeste autor, na América Latina, a d<strong>em</strong>ocratização recolocou na agenda de discussão três2. Os modelos citados de d<strong>em</strong>ocracia não esgotam todas as perspectivas teóricas-alternativas à d<strong>em</strong>ocracia representativa, como d<strong>em</strong>ocraciaradical, deliberativa, participativa, entre outros, mas todos têm <strong>em</strong> comum proposição de sugestões para corrigir distorções da d<strong>em</strong>ocracia liberal.3. A síntese desse debate é que a d<strong>em</strong>ocracia trazia limites ao sist<strong>em</strong>a capitalista, pois ao limitar a propriedade traria ganhos distributivos paracamadas pobres da sociedade. Assim, “Os marxistas entendiam que essa solução exigia descaracterização total da d<strong>em</strong>ocracia, uma vez que nassociedades capitalistas não era possível d<strong>em</strong>ocratizar a relação fundamental que se assentava a produção material, a relação entre capital e trabalho”(SANTOS, 2003, p. 40-41).798

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