12.07.2015 Views

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas PúblicasO tipo transversal universalista merece análise específica, pois este não se adaptan<strong>em</strong> ao grupo formado por adesão e concreto n<strong>em</strong> ao grupo formado por social e vago –estes últimos claramente indicativos da falta de clareza e do uso indevido do termo transversalidadepelos gestores públicos. A ideia do universalismo deve, claramente, manter-secomo el<strong>em</strong>ento importante para concepção das políticas públicas <strong>em</strong> <strong>Estado</strong> d<strong>em</strong>ocráticoque se pretenda não discriminatório e promotor da igualdade. A questão <strong>em</strong> jogo nestavisão está mais ligada à concepção errônea sobre o papel das políticas específicas voltadaspara minorias que à transversalidade <strong>em</strong> sentido estrito e une-se a esta última apenas porconta da ligação, algo arbitrária, destes dois t<strong>em</strong>as.Tal visão universalista pode ser dividida <strong>em</strong> dois subtipos: o primeiro observa-se <strong>em</strong>programas cujo público-alvo é “população <strong>em</strong> geral”, “cidadãos” ou “sociedade”. Nesse caso,os gerentes dos programas entend<strong>em</strong> que, ao atuar de forma indistinta e não tendo políticadiscriminatória para com populações específicas, estão indiretamente trabalhando com estespúblicos. 6 É comum os gerentes reportar<strong>em</strong>-se aos princípios constitucionais – não discriminação– e às diretrizes nacionais da política na área, <strong>em</strong> especial na área da saúde e, <strong>em</strong> menorgrau, na assistência social, na cultura e na educação. O segundo tipo observa-se <strong>em</strong> programasque objetivam gerar desenvolvimento <strong>em</strong> seus territórios de atuação, aquecendo a economialocal por meio, por ex<strong>em</strong>plo, da geração de <strong>em</strong>pregos. Este segundo tipo, observado principalmenteno Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no Ministério do <strong>Desenvolvimento</strong>Indústria e Comércio (MDIC) e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa), entende que o desenvolvimento, <strong>em</strong> especial quando favorece pobres, resulta inevitavelmente<strong>em</strong> melhoria das condições de vida das populações mais vulneráveis. Por ex<strong>em</strong>plo,gerente de programa defendeu que trabalhava transversalidade para t<strong>em</strong>a da infância, pois,ao gerar muitos <strong>em</strong>pregos nas regiões onde as obras eram realizadas, proporcionava fonte derenda às famílias e reduzia, assim, “necessidade” de trabalho infantil.Esse universalismo puro é prejudicial ao adequado tratamento das minorias pelaspolíticas públicas, no sentido que este significa o não reconhecimento das especificidadesde cada população. Ao basear-se <strong>em</strong> interpretação equivocada do princípio da nãodiscriminação, tal visão ignora o fato de que atuação equitativa, diferenciada a partir dasespecificidades de cada grupo populacional não significa necessariamente “focalizar” a açãogovernamental e, com muita frequência, faz-se essencial para efetivar o princípio da universalidade.S<strong>em</strong> descartar a possibilidade de que, <strong>em</strong> certos casos, a melhor política sejaatuar de forma indistinta para o todo da população, não se faz possível garantir o direitouniversal à saúde e à educação, por ex<strong>em</strong>plo, s<strong>em</strong> que sejam realizadas ações pontuais quevis<strong>em</strong> incluir população indígena, por ex<strong>em</strong>plo. Igualmente, a oferta de espaços culturaispara o “todo” da população, não atingirá este todo se os espaços não for<strong>em</strong> acessíveis àspessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida.6. Um programa do MinC, por ex<strong>em</strong>plo, entendeu que “ao beneficiar diretamente artistas, produtores e espectadores <strong>em</strong> todas as faixas etárias,estamos cont<strong>em</strong>plando os t<strong>em</strong>as mencionados na transversalidade”.792

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!