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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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Diagnóstico e Des<strong>em</strong>penho Recente do Programa Bolsa Famíliadeste texto, o PBF deve transformar-se a partir de agora. Ele não é programa de geração deoportunidades, como o Chile Solidario; não é exatamente programa de incentivo à acumulaçãoda capital humano, como o Progresa/Oportunidades; e também não é programaclaramente de proteção social, como o Plan de Asistencia Nacional a la Emergencia Social(Panes) uruguaio ou o Programa de Garantia de Renda Mínima, do projeto de 1991 dosenador Eduardo Suplicy. No momento, este é espécie de estranho no ninho, de difícilclassificação no universo da política social. Se o probl<strong>em</strong>a fosse apenas de classificação, asolução seria meramente mudá-la. Mas o probl<strong>em</strong>a é mais profundo: na medida <strong>em</strong> quea concepção do PBF permanece s<strong>em</strong> clareza, aprofundam-se as contradições no próprioprograma e este acaba frustrando todos os três objetivos.Cada escolha tomada leva a distintas decorrências operacionais. Desta definiçãoconceitual mais geral serão derivadas as respostas para as diversas perguntas que assolamo PBF. As contrapartidas dev<strong>em</strong> ser firm<strong>em</strong>ente cobradas ou dev<strong>em</strong> ser detalhe menor?Deve permanecer programa de orçamento definido ou deve transformar-se <strong>em</strong> direito?Se for proteção social, deve ser mais integrado com outras partes do sist<strong>em</strong>a, como oBPC, as aposentadorias e as pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) eo seguro-des<strong>em</strong>prego? Deve haver t<strong>em</strong>po máximo de permanência? O foco deve aproximar-sedos programas de geração de oportunidades, os que buscam as portas de saída?Hoje, o PBF é programa ainda híbrido cuja natureza não é clara e a médio prazo terá desofrer alguma modificação de desenho e assumir-se como uma coisa ou outra.Para ajudar a refletir sobre as três diferentes concepções de PTRCs pod<strong>em</strong> ser citadasexperiências de três casos polares representantes de cada uma destas abordagens (SOARESet al., 2007). O primeiro são os programas cujo objetivo primordial é o corte da transmissãointergeracional da pobreza mediante o incentivo à acumulação de capital humano. Esteobjetivo depende fundamentalmente da cobrança das contrapartidas. A verdadeira funçãoda transferência é ser meio para viabilizar a formação da próxima geração. A porta de saídaé a formação da próxima geração. O sist<strong>em</strong>a de informações deve ser integrado, antes detudo, com os sist<strong>em</strong>as dos ministérios ou das secretarias responsáveis pela acumulaçãode capital humano, como educação ou saúde. O melhor ex<strong>em</strong>plo deste caso é o Progresa/Oportunidades Mexicano.O segundo caso são os programas cujo objetivo é assistência t<strong>em</strong>porária a famílias pobresacoplada à geração de oportunidades. São equivalentes a “UTI” da pobreza: as transferênciasde renda são as transfusões de sangue que mantêm o paciente vivo enquanto os programasde geração de oportunidades curam-no, a médio prazo, da doença da pobreza. Nestes casos,as portas de saída têm papel primordial e é necessário que estes programas estejam intimamenteacoplados à oferta de capacitação, treinamento, aconselhamento familiar, microcrédito,desenvolvimento local e outros programas para que a família escape da pobreza porseus meios. T<strong>em</strong>pos máximos de permanência faz<strong>em</strong> todo sentido para não gerar incentivosadversos. Este talvez seja o desenho mais comum de PTRC na América Latina, sendo que oChile Solidario foi seu primeiro ex<strong>em</strong>plo587

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