Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e PolÃticas - Ipea
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<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas PúblicasAssim, o capítulo 23 trata de vários aspectos envolvidos na articulação direta entregoverno federal e organizações da sociedade, trazendo subsídios interessantes para reflexãosobre o t<strong>em</strong>a. Nesse sentido, cabe ressaltar que a avaliação do Programa Cultura Viva foi orientadapor metodologia construída <strong>em</strong> consonância com os objetivos a ser<strong>em</strong> atingidos, tendoa realização da pesquisa sido conduzida <strong>em</strong> etapas que visaram à captação da opinião de trêsatores fundamentais: os gestores federais do programa; os gestores locais dos Pontos de Cultura;e os pesquisadores e gestores federais efetivamente envolvidos na realização da pesquisa.A primeira etapa consistiu na elaboração do modelo lógico do programa, momento quecontou com a presença de toda a equipe gestora do MinC e <strong>em</strong> que foi possível reconstruira teoria que dá sustentação ao Cultura Viva, identificando-se os indicadores de des<strong>em</strong>penhoadequados, a realidade da impl<strong>em</strong>entação das ações, as condições de avaliabilidade do programae os el<strong>em</strong>entos para seu aperfeiçoamento. Embora o programa tenha sido priorizadopelo governo e goze de ampla legitimidade entre os agentes culturais, algumas preocupaçõesmanifestadas pelos gestores neste momento merec<strong>em</strong> ser evidenciadas, <strong>em</strong> especial as quediz<strong>em</strong> respeito às limitações institucionais do MinC, referentes a insuficiências do quadrode gestores, dificuldades na celebração de convênios, inadequação dos fluxos de recursos einexistência de norma legal que fundamente o relacionamento do <strong>Estado</strong> com entidades dasociedade civil com baixo nível de organização/institucionalização.A segunda etapa da avaliação consistiu <strong>em</strong> pesquisa de campo para aplicação de questionáriosaos gestores locais dos Pontos de Cultura. Nesta etapa, os probl<strong>em</strong>as levantadospelos gestores federais do Cultura Viva foram amplamente corroborados, <strong>em</strong>bora porângulos diversos. A maioria dos gestores dos Pontos de Cultura considera que a filosofiado programa é adequada à realidade da cultura, mas que probl<strong>em</strong>as de gestão, nos marcoslegais e no processo de repasse de recursos, precisam de mudanças. As soluções indicadaspara alguns destes probl<strong>em</strong>as foi a simplificação de procedimentos burocráticos – <strong>em</strong>especial os relativos às regras de uso de recursos financeiros –, a capacitação das equipesque atuam nos pontos e o repasse de recursos para os municípios, que atuariam comomediadores entre o MinC e os Pontos de Cultura.No que se refere à efetivação dos objetivos do Cultura Viva, foi possível identificar multiplicidadede agentes culturais que receb<strong>em</strong> apoio do programa nas diferentes regiões do país, comdestaque para as associações/comunidades, que representam 55,7% do total de agentes apoiados –proporção que chega a 68,1% na região Norte. Os 390 Pontos de Cultura pesquisados têmcomo público-alvo crianças, adolescentes e jovens adultos, com ênfase nos estudantes da redepública, e atend<strong>em</strong> de forma direta aproximadamente 87 mil pessoas, sendo 67,8% delas daprópria comunidade. Trabalham nestes equipamentos 4,2 mil pessoas, 65% delas da própriacomunidade, dos quais dois quintos são r<strong>em</strong>unerados seja pela atividade realizada no ponto, sejapela comercialização dos produtos e das produções culturais disponibilizados por este circuito.Tais dados revelam que o programa de fato oferece incentivo a circuitos culturais de base localque dificilmente teriam condições de acessar outras modalidades de recursos públicos.534