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Brasil em Desenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas - Ipea

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<strong>Brasil</strong> <strong>em</strong> <strong>Desenvolvimento</strong>: <strong>Estado</strong>, <strong>Planejamento</strong> e Políticas PúblicasÉ consenso que a atividade de planejamento governamental não deve ser des<strong>em</strong>penhadacomo outrora, de forma centralizada e com viés essencialmente normativo. Em primeiro lugar,há a evidente questão de que, <strong>em</strong> contextos d<strong>em</strong>ocráticos, o planejamento não pode ser n<strong>em</strong>concebido n<strong>em</strong> executado s<strong>em</strong> considerar os diversos interesses, atores e arenas sociopolíticas <strong>em</strong>disputa no cotidiano. Em suma, não há efetividade, hoje, <strong>em</strong> formulação que se imponha de cimapara baixo pelas cadeias hierárquicas do <strong>Estado</strong> até chegar aos espaços da vida econômica e social.Em segundo lugar, é preciso ter <strong>em</strong> mente que, tornando-se as sociedades cont<strong>em</strong>porâneasmais complexas, mais e maiores desafios vêm sendo enfrentados de forma fragmentada,o que compromete a efetividade das ações governamentais. A tendência de pulverização eredução do papel do <strong>Estado</strong>, como consequência de processos não lineares e não equilibradosde institucionalização de determinadas funções, restringe o raio de discricionariedade da gestãogovernamental – ou seja, do planejamento, no sentido forte do termo, que diz respeito aoprocesso de mediação entre o conhecimento e a ação.Em outras palavras, pode-se dizer que, no <strong>Brasil</strong>, ao longo das duas últimas décadas, <strong>em</strong>paralelo à desvalorização da função planejamento <strong>em</strong> geral, <strong>em</strong> ambiente ideologicamente hostil àpresença e à atuação do <strong>Estado</strong>, esta função pública foi adquirindo características muito diferentesdaquelas com as quais costumava ser identificada. Hoje, a estrutura e a forma de funcionamentodo planejamento governamental vigente no país estão, <strong>em</strong> grande medida, esvaziadas de conteúdopolítico, robustecidas de ingredientes técnico-operacionais e de controles físico-financeirosde ações difusas, diluídas pelos diversos níveis e instâncias de governo, cujo sentido de conjunto <strong>em</strong>ovimento, ainda que no nível setorial, não é n<strong>em</strong> fácil n<strong>em</strong> rápido de identificar.Se essas impressões gerais sobre as características do planejamento governamental, hoje,faz<strong>em</strong> sentido, torna-se imperioso dar resposta às questões suscitadas anteriormente. Afinal, aatuação exitosa do <strong>Estado</strong> sobre o desenvolvimento do país passa pelo planejamento adequado depolíticas, programas e ações de governo. Assim, é fundamental ressignificar – tal qual sugerido <strong>em</strong>relação à categoria desenvolvimento – os termos pelos quais deve ser compreendido o conceitode planejamento governamental na atualidade. E, tal qual naquele caso, isto também não podeser feito s<strong>em</strong> o trabalho cotidiano de pesquisa e investigação que está na base desta publicação.Nesse contexto, algumas ideias sobre o planejamento governamental na atualidade aparec<strong>em</strong>com força, <strong>em</strong>bora ainda não estejam b<strong>em</strong> delineadas. Exatamente por isso, d<strong>em</strong>andamreflexão. Na primeira etapa, surge o binômio planejamento – engajamento, isto é, a ideia deque qualquer iniciativa ou atividade de planejamento governamental que se pretenda eficazprecisa considerar o múltiplo engajamento dos atores diretamente envolvidos com a questão,sejam estes políticos, especialistas, integrantes da burocracia estatal, sejam, ainda, os beneficiáriosda ação que se pretende realizar. Ou seja, a atividade de planejamento deve passar porprocesso de horizontalização, afirme-se, de incorporação da participação e do envolvimentodireto dos vários atores ligados às t<strong>em</strong>áticas <strong>em</strong> tela.Na segunda etapa, ganha relevância o binômio articulação – coordenação, ou seja, a ideiade que grande parte de qualquer atividade ou iniciativa de planejamento governamental estáligada ao complexo desafio de articulação institucional e, <strong>em</strong> paralelo, ao esforço igualmenteXXIV

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