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universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

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126completar o cenário i<strong>de</strong>alizado pelos intelectuais republicanos, fazia-se vital a vinda <strong>de</strong> umanova mão-<strong>de</strong>-obra, livre, mais especializada, formada por imigrantes europeus, o quepossibilitaria ao capital circular livr<strong>em</strong>ente, conforme explica Oliveira (1985):O escravismo, como forma <strong>de</strong> trabalho compulsório, alimentava aacumulação primitiva nas metrópoles capitalistas <strong>em</strong> expansão, mas seuefeito interno nas economias coloniais era diferente, obstaculizando adiferenciação da divisão social do trabalho. A acumulação, <strong>em</strong> economias<strong>de</strong>sse tipo, <strong>de</strong> que a brasileira é ex<strong>em</strong>plo eloqüente, resulta na ampliação dofundo <strong>de</strong> terras, s<strong>em</strong> entretanto produzir renda da terra, e ampliação dofundo <strong>de</strong> escravos, que correspon<strong>de</strong> ao capital constante; é uma acumulação<strong>de</strong> riquezas, mas não <strong>de</strong> capital. O limite <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumento daprodutivida<strong>de</strong> numa economia <strong>de</strong>sse tipo é, no máximo, dada pela fase dacooperação; mais além, o aumento da produtivida<strong>de</strong> mesmo <strong>em</strong> termosfísicos esbarra naquilo que Marx chamou <strong>de</strong> ‘transferência da virtualida<strong>de</strong>técnica do operário para a máquina’, pois essa metamorfose, que culmina asubsunção formal do trabalho ao capital <strong>em</strong> subordinação real, não épossível na ausência do trabalho livre, na ausência da compra da força <strong>de</strong>trabalho, na ausência da mais-valia. Não há ‘<strong>de</strong>slocamento’ entre o real e ofinanceiro; no fundo não há capital-dinheiro. Nessas condições, o avanço dadivisão social do trabalho <strong>em</strong> economias como a brasileira <strong>de</strong> fins do séculoXIX será insignificante e incapaz <strong>de</strong> transformar qualitativamente o padrãoeconômico <strong>de</strong> acumulação e crescimento (OLIVEIRA, 1985, p. 403).Na verda<strong>de</strong>, o processo <strong>de</strong> substituição da mão-<strong>de</strong>-obra negra por imigrantes europeusiniciou-se ainda no Império, durante a década <strong>de</strong> 1870, logo <strong>de</strong>pois da Guerra do Paraguai,coincidindo com o crescimento das lavouras <strong>de</strong> café, com as primeiras leis contra aescravatura e com o processo <strong>de</strong> unificação da Al<strong>em</strong>anha e Itália 74 . Enquanto, até 1871, osimigrantes al<strong>em</strong>ães eram a maioria a chegar ao Brasil, após essa data os italianos começarama predominar, aumentando consi<strong>de</strong>ravelmente a partir <strong>de</strong> 1874, quando o Império brasileiro,ante o fim iminente da escravatura – o que exigiria a importação <strong>de</strong> novos braços paratrabalhar o campo –, <strong>de</strong>cidiu patrocinar a transferência dos imigrantes, intermediando<strong>em</strong>pregos e oferecendo passagens, hospedag<strong>em</strong> e alimentação (BIASUTTI, 2003).Entretanto, mesmo antes da subvenção do Estado, numerosos grupos <strong>de</strong> imigrantes jáchegavam ao Brasil, <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho. Os primeiros imigrantes achegar<strong>em</strong> a Minas Gerais fizeram-no <strong>de</strong> maneira espontânea, atraídos <strong>de</strong> São Paulo porfazen<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> café estabelecidos nas regiões fronteiriças com aquela província. Outros, comofícios urbanos, <strong>de</strong>sprezados pelos <strong>programa</strong>s governamentais <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra,74 Com a unificação política, ocorreu um processo <strong>de</strong> industrialização do norte da Itália e o governo, com oobjetivo <strong>de</strong> liberar mão-<strong>de</strong>-obra para as novas indústrias e também para criar um mercado consumidorassalariado, <strong>de</strong>cretou leis que aumentaram os impostos sobre as pequenas proprieda<strong>de</strong>s agrícolas, inviabilizandoa existência <strong>de</strong>stas. Porém, como a nascente indústria italiana era sazonal, criou-se um probl<strong>em</strong>a social <strong>de</strong> talmonta que a <strong>em</strong>igração foi a principal saída encontrada pelo governo <strong>de</strong> então.

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