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universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

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144Em contraposição, na base da pirâmi<strong>de</strong> social estava uma massa <strong>de</strong> trabalhadores s<strong>em</strong>terra,normalmente negros ou mestiços, que contituíam parte do proletariado urbano e o corpo<strong>de</strong> lavradores a serviço dos coronéis. Geralmente analfabetos, esses trabalhadores formavam aforça <strong>de</strong> trabalho necessária à acumulação do capital pelas elites rurais e pela <strong>em</strong>ergenteburguesia urbana. E, com esse acúmulo <strong>de</strong> capital, veio o progresso econômico 79 , que serefletiu na crescente mo<strong>de</strong>rnização das ativida<strong>de</strong>s urbanas e na sofisticação dos costumes.Com esse fervilhante panorama sócio-econômico, iniciava-se uma nova era na históriada cida<strong>de</strong>. E nada melhor para simbolizar o otimismo <strong>em</strong> relação a essa nova era do que achegada da luz elétrica, cuja inauguração ocorreu no dia 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1905. Apopulação, <strong>em</strong> polvorosa, aglomerou-se na Praça da Matriz para os festejos. O jornal Lavourae Comércio, do dia seguinte, <strong>de</strong>dicou duas <strong>de</strong> suas quatro páginas à divulgação do evento.Transcrev<strong>em</strong>os, a seguir, um pequeno trecho do noticiário, que traz o título Nova Era:É hoje dia <strong>de</strong> S. Silvestre; o ultimo dia do anno <strong>de</strong> 1905, que não foi dosmelhores para Uberaba, <strong>em</strong>bora não tenha sido também dos peiores. Aindanos seus últimos dias <strong>de</strong> agonia nos <strong>de</strong>u um beneficio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta – ainauguração da luz electrica, que se realisou hont<strong>em</strong>, <strong>de</strong>stacando-se comoum commettimento gran<strong>de</strong>mente valioso, <strong>de</strong> que muito <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os esperar, aoentrarmos no Anno Bom. [...] A inauguração da luz, t<strong>em</strong>os fundadosmotivos para assim nos manifestar – vae marcar para Uberaba o iniciopromettedor <strong>de</strong> uma nova era que se nos annuncia fecunda <strong>em</strong> benefícios,dando-nos novo e forte alento para entrarmos <strong>de</strong>sassombrados no caminhoque o Anno Novo nos abrirá amanhã e que há <strong>de</strong> nos levar ao progresso <strong>de</strong>que é digna a Princesa do Sertão. (LAVOURA E COMÉRCIO, 31/12/1905,p. 1)E, na mesma edição daquele jornal, um escritor, cujo nome traz as iniciais M. F.,através <strong>de</strong> um po<strong>em</strong>a intitulado Et lux facta est, expressa seu fascínio <strong>em</strong> relação àmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e sua esperança no futuro luminoso que se iniciava:Grato anceio, gostosa espectativa,No s<strong>em</strong>blante da onda <strong>em</strong> movimentoAccusavam já prestes o momento...O povo r<strong>em</strong>oinhava <strong>em</strong> roda viva.Que linda mutação! Como si fosseA rápida creação <strong>de</strong> novo é<strong>de</strong>n,Ao commando <strong>de</strong>... <strong>de</strong>... (não sei <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>)De repente a cida<strong>de</strong> illuminou-se.Corujas e morcegos espantados,Voando <strong>em</strong> <strong>de</strong>satino, <strong>de</strong>svairados,Fog<strong>em</strong> das cavatinas e do riso.79 Segundo Chauí (1994), a burguesia vê a si mesma como uma força progressista, porque usa as técnicas e asciências para obter um controle total sobre a natureza e a socieda<strong>de</strong>. E o progresso é a justificativa utilizada pelaselites econômicas para legitimar a manutenção das relações <strong>de</strong> trabalho, a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> culturas primitivas e a<strong>de</strong>vastação ambiental.

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