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universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

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252tratar<strong>em</strong>os a seguir.Em primeiro lugar, a Escola Normal oficial era mantida pelo governo estadual e, porisso mesmo, sujeita às int<strong>em</strong>péries políticas e administrativas, que se refletiam nas ameaças <strong>de</strong>fechamento e nas constantes crises financeiras. Uma escola <strong>de</strong> elite não po<strong>de</strong>ria ter a suaqualida<strong>de</strong> ou continuida<strong>de</strong> ameaçada pela falta <strong>de</strong> recursos públicos, <strong>de</strong>vendo ser mantida porinstituições tradicionais e com larga experiência <strong>em</strong> educação escolar: nesse ponto, a IgrejaCatólica tinha um retrospecto incomparável, principalmente no Brasil.O segundo inconveniente da Escola Normal oficial referia-se ao fato <strong>de</strong> que era umainstituição <strong>de</strong> ensino mista, on<strong>de</strong> conviviam promiscuamente estudantes <strong>de</strong> ambos os sexos.Muniz (2003) l<strong>em</strong>bra que, para a socieda<strong>de</strong> da época, essa convivência era consi<strong>de</strong>radaextr<strong>em</strong>amente perigosa, pois po<strong>de</strong>ria colocar <strong>em</strong> risco a b<strong>em</strong> preservada virginda<strong>de</strong> dasmeninas, requisito tão fundamental para o casamento quanto o dote. Para as famílias maisricas, o casamento era, a um só t<strong>em</strong>po, uma aliança política e econômica, e a virginda<strong>de</strong> eraum dispositivo para manter o status da noiva como objeto <strong>de</strong> valor nessa aliança. Daí ointeresse <strong>em</strong> que as moças freqüentass<strong>em</strong> escolas on<strong>de</strong> professoras e alunas foss<strong>em</strong> todas dosexo f<strong>em</strong>inino.Em terceiro lugar, misturavam-se, na Escola Normal oficial, moças pobres, que viamno magistério uma tábua <strong>de</strong> salvação e <strong>de</strong> sobrevivência, com as filhas da elite econômica,que buscavam, no ensino normal, a cultura erudita necessária a um bom casamento; essaconvivência entre classes sociais não era muito palatável aos <strong>de</strong>tentores do po<strong>de</strong>r. Aocontrário do que ocorria na Escola Normal, um anúncio do Colégio Nossa Senhora das Dores(já mostrado no Capítulo 3), publicado no jornal Gazeta <strong>de</strong> Uberaba (22/01/1886, p. 3),garantia essa separação entre as classes sociais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da educação escolar, afirmandoque “Receberá pois o Collegio meninas das famílias ricas, orphãs e ingênuas no internato e noexternato, <strong>em</strong> divisões b<strong>em</strong> distinctas.”.Por último, a Escola Normal oficial era uma instituição que seguia os princípios dolaicismo estatal, o que <strong>de</strong>sagradava às autorida<strong>de</strong>s católicas aquarteladas <strong>em</strong> Uberaba,<strong>de</strong>sejosas <strong>de</strong> que colégios religiosos cuidass<strong>em</strong> da educação das moças da elite, garantindoassim a propagação do i<strong>de</strong>ário católico, já que, conforme ressalta Rossi (2006, p. 81): “Estescolégios eram visto pelo bispado como importante espaço para a formação moral e religiosa.Por isto, se a preocupação com a internalização do catolicismo era essencial, por que nãocomeçar com a educação das meninas que exercerão importante papel nas suas futurasfamílias?”. Nessa perspectiva, a criação <strong>de</strong> uma escola normal confessional viria ao encontro

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