13.07.2015 Views

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

43perante comissões fiscalizadoras, avaliação rígida <strong>de</strong>mais para o nível <strong>de</strong> ensino oferecido poraquelas escolas, o que <strong>de</strong>sestimulava os alunos <strong>de</strong> cursar<strong>em</strong> o secundário. Tal artimanha fezcom que diversos liceus secundários fechass<strong>em</strong> suas portas nas décadas <strong>de</strong> 1840 a 1860,levando o Estado a controlar, <strong>de</strong> forma indireta, o acesso ao ensino superior: a barreira, naverda<strong>de</strong>, estava instalada <strong>em</strong> um nível anterior, entre as escolas primárias e secundárias.Com uma seleção eficaz no início do processo, a retenção nos exames <strong>de</strong> acesso aoensino superior n<strong>em</strong> precisava ser significativa. Hilsdorf (2003, p.48) mostra-nos que, noBrasil, <strong>em</strong> 1872, “havia 12.000 alunos matriculados nos colégios secundários e 8.000 nasAca<strong>de</strong>mias do Império”, o que <strong>de</strong>monstra a passag<strong>em</strong> <strong>de</strong> nada menos <strong>de</strong> dois terços dosalunos, <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong> ensino para outro, proporção que, longe <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a<strong>de</strong>mocratização do ensino superior, expressa, isso sim, a baixa freqüência do ensinosecundário na época.Apesar da existência <strong>de</strong> outros cursos superiores – como Medicina, Engenharia e Artes–, as Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Direito passaram a exercer uma supr<strong>em</strong>acia na formação dos quadrossuperiores do Império. Buscando ocupar os quadros administrativos e políticos da jov<strong>em</strong>nação, além <strong>de</strong> abrir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação <strong>em</strong> outros segmentos, como o jornalismo, osfilhos da elite e <strong>de</strong> uma classe intermediária mais abastada eram dirigidos aos cursos <strong>de</strong>Direito, o que acabava dando uma formação majoritariamente humanística à intelectualida<strong>de</strong>brasileira (ARANHA, 1996).No outro extr<strong>em</strong>o, estavam os <strong>de</strong>mais cursos superiores, <strong>de</strong> caráter fundamentalmenteutilitarista 11 , criados para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m prática das classes heg<strong>em</strong>ônicas eque tinham como efeito último o b<strong>em</strong>-estar <strong>de</strong>ssas elites. Incluíam-se nesse grupo, <strong>de</strong>ntreoutras, as faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> engenharia, medicina, farmácia e odontologia. Apesar <strong>de</strong> sua aparenteproximida<strong>de</strong> com a técnica e com as ciências, quando comparadas com os cursos <strong>de</strong> basehumanística, essas escolas não conseguiram fazer avançar as ciências no Brasil. Conformel<strong>em</strong>bra Noronha (1998, p.113), os interesses econômicos da época, presos a “umacompreensão estreita <strong>de</strong> ciência, ligada sobretudo à resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as práticos imediatose não a uma atitu<strong>de</strong> científica, levam as primeiras iniciativas no campo da produção doconhecimento no Brasil a nascer sob o paradigma <strong>de</strong> uma perspectiva reducionista e11 Segundo Mill (2007), a doutrina utilitarista <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a única coisa <strong>de</strong>sejável como finalida<strong>de</strong> das diversasações humanas (incluindo a educação escolar), <strong>de</strong>ve ser a felicida<strong>de</strong> dos indivíduos e o b<strong>em</strong> geral; todas as outrascoisas seriam apenas <strong>de</strong>sejáveis como meios para tal finalida<strong>de</strong>. Por outro lado, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r sua própriafelicida<strong>de</strong>, as classes dominantes criaram, no Brasil e <strong>em</strong> outros países oci<strong>de</strong>ntais, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino superiordirecionado ao seu próprio b<strong>em</strong>-estar e não para beneficiar a socieda<strong>de</strong> como um todo, <strong>de</strong>turpando as pr<strong>em</strong>issasdo utilitarismo original.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!