13.07.2015 Views

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

universidade de uberaba programa de mestrado em ... - Uniube

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

183consi<strong>de</strong>radas metafísicas e não-científicas, manteve o conservadorismo dos t<strong>em</strong>pos imperiais,buscando preservar a dominação masculina.O universo machista procura, s<strong>em</strong>pre, perpetuar-se no po<strong>de</strong>r e, para tal,realiza construções práticas que legitimam e justificam as diferenças. Nesseprocesso, alguns preceitos científicos lhe foram acrescidos, na construçãodo mundo mo<strong>de</strong>rno, como o caso da biologia, da psicologia e da sociologia,as quais <strong>de</strong>tectam as diferenças, sejam elas biológicas, sejam elaspsicológicas ou mesmo sociológicas. A mo<strong>de</strong>rnização, sob as bases <strong>de</strong> umuniverso simbólico distinto, nada mais fez que perpetuar uma discriminaçãotradicional, ressignificando-a [...] (BORGES, 2005, p. 241).Sendo, pois, um locus on<strong>de</strong> se contrapõ<strong>em</strong> diferentes forças e on<strong>de</strong> se travamconstantes lutas pelo po<strong>de</strong>r, a escola é uma instituição social que reflete os conflitos e ascarências da socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se insere. Nessa perspectiva, pensamos ser importante um breveresgate histórico acerca <strong>de</strong> um dos acontecimentos relacionados à primeira Escola Normal <strong>de</strong>Uberaba mais l<strong>em</strong>brados pela história tradicional: o assassinato do professor Antônio PereiraArtiaga, na ocasião <strong>em</strong> que este ocupava o cargo <strong>de</strong> diretor da escola. Bilharinho (2006f)afirma que, <strong>em</strong> 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1897, uma violenta discussão, movida por motivos políticos,terminou com o assassinato do diretor da Escola Normal pelo professor <strong>de</strong> Português daescola e poeta <strong>de</strong> renome regional, Arthur Lobo 103 . Mendonça (1974) também afirma que oassassinato teve motivações políticas.Naquela ocasião, pelo fato <strong>de</strong> ambos os envolvidos no episódio ser<strong>em</strong> pessoasconhecidas e benquistas <strong>em</strong> Uberaba, a ocorrência teve gran<strong>de</strong> repercussão na região e foiamplamente coberta pelos órgãos <strong>de</strong> imprensa locais: “T<strong>em</strong> sido recebida com profundamagua <strong>em</strong> todo o Triangulo Mineiro a noticia dos acontecimentos que teve por theatro aEscola Normal <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>.” (JORNAL DE UBERABA, 25/07/1897, p. 3).Poeta, boêmio e jornalista, Arthur Lobo era muito querido nos círculos culturais <strong>de</strong>Uberaba, ao contrário <strong>de</strong> José Pereira Artiaga, que, apesar dos incontestes dons oratórios, eradotado <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peramento forte, o que o tornava pouco popular. Esse fato é facilmentepercebido nos vários artigos <strong>de</strong> jornais da época, que <strong>de</strong>fendiam a absolvição do poeta. Num<strong>de</strong>les, publicado dias antes do primeiro julgamento, Arthur Lobo aparece como vítima docrime que cometera, tomando o lugar <strong>de</strong> Artiaga:A Lei vai apenas attingir um corpo, encarcerando-o; o espirito esse já103 Arthur Lobo (1869-1901) era natural <strong>de</strong> Montes Claros – MG. Poeta conhecido na região, é autor das obrasQuermesses, Envangelhos, Ritmos e Rimas, Lazeres, Rosais, O Outro, Livro do Zezé, <strong>de</strong>ntre outras. Em Uberaba,foi professor da Escola Normal e <strong>de</strong>dicou-se também ao comércio <strong>de</strong> jóias. Após o julgamento a que foisubmetido <strong>em</strong> Uberaba, mudou-se para a nova capital mineira, on<strong>de</strong> fundou, <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong> com Men<strong>de</strong>sPimentel e Azevedo Jr., o jornal Diário <strong>de</strong> Minas. (MENDONÇA, 1974; TORRES, 1962)

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!