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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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atitu<strong>de</strong> caracterizada como positiva ao longo das várias sessões <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, dada relação<strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> para com esta. Afonso realiza contacto visual, <strong>de</strong> uma forma segura e interessada,e mostra-se cooperante e participativo em to<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> avaliação, com um comportamentoa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e implica<strong>do</strong> nas tarefas, ainda que com alguma irrequietu<strong>de</strong> psicomotora. A atenção écaptável mas facilmente dispersa pelos estímulos presentes nas salas on<strong>de</strong> <strong>de</strong>correram asavaliações. O humor da criança é positivo e face à presença nas entrevistas <strong>de</strong> avaliação Afonsoencontra-se expectante e disponível, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> estratégias para protelar o térmi<strong>no</strong> das sessões ouo aumento <strong>do</strong> número das mesmas. Exibe um bom nível <strong>de</strong> compreensão, uma verbalização clarae bem articulada, ainda que ligeiramente particular <strong>no</strong> pronunciamento fonético <strong>de</strong> algumasvocalizações, e um discurso organiza<strong>do</strong> e coerente, espontâneo e expressivo. Afonso vem àsconsultas <strong>de</strong> avaliação sempre acompanha<strong>do</strong> pela mãe, sen<strong>do</strong> a relação entre os <strong>do</strong>is na sala <strong>de</strong>espera próxima e cúmplice, quase fraterna.EntrevistaPara Greenspan e Greenspan (1993), a entrevista clínica com a criança permite um acessosingular ao seu mun<strong>do</strong> altamente individual bem como às suas experiências sociais. Deste mo<strong>do</strong>,o clínico <strong>de</strong>ve ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar e estar atento às várias dimensões da comunicação aque a criança recorre: as crianças comunicam através <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como olham (ou evitam ocontacto ocular), pela forma como se relacionam, pelos seus gestos, humor, pelas emoções quemanifestam, pela forma como negoceiam o espaço <strong>do</strong> ambiente da entrevista, pelos temas que<strong>de</strong>senvolvem <strong>no</strong>s jogos e <strong>no</strong> diálogo (Greenspan & Greenspan, 1993).<strong>Na</strong> entrevista Afonso revela-se espontâneo, cooperante e bastante disponível, parecen<strong>do</strong>entusiasma<strong>do</strong> com o contacto com a investiga<strong>do</strong>ra. Diz-se que gosta <strong>de</strong> fazer ginástica, jogarBaybla<strong>de</strong>s, berlin<strong>de</strong>s e à bola e andar <strong>de</strong> skate. Conta-me que a mãe é cozinheira e o pai solda<strong>do</strong>r eque tem duas irmãs, respectivamente <strong>de</strong> 14 e quatro a<strong>no</strong>s., com as quais brinca e vê filmes masdiz ter conflitos (“andamos às turras, às vezes provocam-me e eu também”), e que resi<strong>de</strong>m comuma prima <strong>de</strong> 15 a<strong>no</strong>s que o pai a<strong>do</strong>ptou quan<strong>do</strong> esta tinha oito a<strong>no</strong>s. <strong>Na</strong> escola conta-me que ascoisas correm “mais ou me<strong>no</strong>s”, e que as suas disciplinas favoritas são educação física e educaçãomusical, ao paço que as que me<strong>no</strong>s gosta são língua portuguesa, matemática, teatro e inglês. Dizmeque tem muito amigos e enumera uma série <strong>de</strong> <strong>no</strong>mes, não conseguin<strong>do</strong> especificar um <strong>de</strong>quem se sinta mais próximo. Quan<strong>do</strong> for gran<strong>de</strong> diz querer ser astronauta ou futebolista. Dormebem, sozinho e em quarto próprio, e conta ter pesa<strong>de</strong>los quan<strong>do</strong> vê filmes <strong>de</strong> terror. Quan<strong>do</strong>questiona<strong>do</strong> acerca <strong>de</strong> me<strong>do</strong>s ou fobias diz-me não ter me<strong>do</strong> <strong>de</strong> nada, ainda que não goste <strong>de</strong>escaravelhos porque “po<strong>de</strong>m mor<strong>de</strong>r o <strong>de</strong><strong>do</strong>”. Ao longo <strong>de</strong> toda a entrevista o seu117

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