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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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agentes <strong>de</strong> risco psicológico e/ou físico, o papel parental, em termos <strong>de</strong> estilos e <strong>de</strong> práticas, po<strong>de</strong>ser afecta<strong>do</strong>, alteran<strong>do</strong> toda a dinâmica <strong>familiar</strong>. A título <strong>de</strong> exemplo po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar aexistência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sequilíbrio, transitório ou caracterial e por isso mais permanente, cria<strong>do</strong>quan<strong>do</strong> a mãe e/ou o pai não compreen<strong>de</strong> os sinais emiti<strong>do</strong>s pela criança, constituin<strong>do</strong> per si umasituação <strong>de</strong> potencial vulnerabilida<strong>de</strong> psicológica.No mesmo senti<strong>do</strong>, a figura <strong>de</strong> vinculação comporta para a criança representações <strong>de</strong>segurança, <strong>de</strong> afecto, <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> física e emocional, permitin<strong>do</strong> o seu harmónico<strong>de</strong>senvolvimento cognitivo, afectivo e social (Bayle, 2006). Assim sen<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> há equilíbriorelacional na día<strong>de</strong>, a criança vai conquistan<strong>do</strong> as bases essenciais para <strong>de</strong>senvolver umavinculação segura. Porém, quan<strong>do</strong> a individualida<strong>de</strong> e as conquistas da criança não sãorespeitadas ou valorizadas pela mãe, e a sua aceitação como um ser autó<strong>no</strong>mo e diferencia<strong>do</strong> nãoé possível, particularmente durante a subfase <strong>de</strong> reaproximação <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> separaçãoindividualizaçãopostula<strong>do</strong> por Margareth Mahler (1975), o conflito infantil <strong>de</strong> ambitendência quedita os movimentos <strong>de</strong> aproximação/afastamento <strong>do</strong> objecto anaclítico vai potenciar aemergência <strong>do</strong> conflito pulsional em tor<strong>no</strong> da agressivida<strong>de</strong> (Matos, 1994).Neste senti<strong>do</strong>, a insuficiência ou perturbação <strong>de</strong>ste processo, a par da O.B.P. <strong>do</strong> objectomater<strong>no</strong> e subsequente <strong>de</strong>pendência simbiotizante <strong>do</strong> mesmo, bem como a ausência/<strong>de</strong>missão<strong>do</strong> objecto pater<strong>no</strong>, colocariam entraves à realização das esperadas tarefas <strong>de</strong>senvolvimentais,lesan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com a ambivalência afectiva face ao objecto, aconstância objectal, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> regulação da distância emocional e <strong>de</strong> diferenciação entreSelf e objecto e o crescimento psíquico autó<strong>no</strong>mo <strong>do</strong> indivíduo (Maranga, 2002). De facto,segun<strong>do</strong> Ajuriaguerra (1980), a mãe da criança bor<strong>de</strong>rline tem, por sua vez, também umaorganização <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> limítrofe, razão pela qual não tolera nem estimula o processo <strong>de</strong>separação-individualização <strong>do</strong> seu filho, <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> em que quan<strong>do</strong> ele cresce toda a suaestimulação e contenção são suprimidas, originan<strong>do</strong> sentimentos <strong>de</strong> aban<strong>do</strong><strong>no</strong> (<strong>de</strong>pressão limite,raiva narcísica, vazio), <strong>no</strong>s quais se verifica o pre<strong>do</strong>mínio da relação objectal <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência.Reconceptualizações recentes acerca da O.B.P. hipotetizam a existência <strong>de</strong> sérioscomprometimentos ao nível <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> vinculação os quais subenten<strong>de</strong>m profundasperturbações da relação precoce com o objecto mater<strong>no</strong> (Fossati, 2001). É este o terre<strong>no</strong> fecun<strong>do</strong>para a organização bor<strong>de</strong>rline; crianças caracterizadas pela organização <strong>de</strong>ficitária, ou mesmoinexistente, <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> pensamento e simbolização, com intercorrências <strong>de</strong> funcionamentoem processo primário, perante situações particularmente ansiogénicas, nas quais a impossibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> contenção da angústia pre<strong>do</strong>minante gera comportamentos pauta<strong>do</strong>s pela instabilida<strong>de</strong>, pelairrequietu<strong>de</strong>, bem como pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlo <strong>do</strong> impulso e da gestão da frustração.4

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