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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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situação com uma professora, que o João agrediu um colega, e a professora não os conseguiuseparar, e ela queria que eu fosse imediatamente…”Mãe: “Ele cega, o João cega…”Pai: “E eu disse-lhe: «Oh minha Sr.ª, a Sr.ª sabe on<strong>de</strong> eu estou para me dizer uma coisa <strong>de</strong>ssas?Desculpe lá, mas a Sr.ª não tem capacida<strong>de</strong> para ser professora»…”Mãe: “Foi há coisa <strong>de</strong> três meses, antes <strong>do</strong> Ensi<strong>no</strong> Especial.”Pai: “Eu levo duas horas a chegar aqui, que eu não tenho transporte próprio, «’Tou-lhe a dizerque a Sr.ª já me está a enervar, a Sr.ª não tem capacida<strong>de</strong> para ser professora. São vocêsprofessores a fazer alguma coisa, não sou eu.». Depois lá me pediu <strong>de</strong>sculpa, eu também lhe pedi<strong>de</strong>sculpa que ela enervou-me. Depois, sentamo-<strong>no</strong>s to<strong>do</strong>s, reunimos, e lá acharam que <strong>de</strong>via ter oEnsi<strong>no</strong> Especial, que eu já tinha dito que ele precisava <strong>de</strong> qualquer coisa. Ele teve um psicólogo,ao fim <strong>de</strong> três meses eu achei que ele ‘tava mais ou me<strong>no</strong>s…”Mãe: “Foi a pagar, particular…”Pai: “Deixa-me concluir. Teve um psicólogo na escola, e enquanto an<strong>do</strong>u lá <strong>no</strong> psicólogo acheique fazia me<strong>no</strong>s avarias, mas acabou o contrato e ele teve que ir embora. E a partir daí,<strong>de</strong>smoro<strong>no</strong>u, ficou muito pior <strong>do</strong> que o que estava, o João sentiu-se. É como quan<strong>do</strong> estamos a<strong>do</strong>mesticar um animal, <strong>de</strong>pois ele ainda não ‘tá <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>, damos-lhe liberda<strong>de</strong> ele fica aindamais selvagem <strong>do</strong> que o que estava.”Mãe: “E prometeram-<strong>no</strong>s mun<strong>do</strong>s e fun<strong>do</strong>s…”Pai: “<strong>Na</strong> escola. «Ah e vai haver, vai haver.», nunca houve. E eu disse: «Meus amigos, ou o Joãoentra num sistema aqui na escola, ou então, vocês não o seguram, eu não o seguro…», tinha quese fazer alguma coisa.”.Mãe: “Isto foi já <strong>no</strong> quinto a<strong>no</strong>, que eu ‘tava transplantada, não podia sair <strong>de</strong> casa…”Pai: “Ele repetiu o quinto a<strong>no</strong>.”Ψ: “Então como vieram parar à Unida<strong>de</strong>, o que vos fez procurar ajuda?”Mãe: “Porque foi assim: ele andava numa consulta pelo particular, uma psicóloga que eraespectacular, mas era 70 e tal euros e a gente não podia. E eu marquei uma consulta para ohospital para o João, para a obesida<strong>de</strong>, que o João engor<strong>do</strong>u muito.”Ψ: “E <strong>de</strong>sculpe interromper, mas quan<strong>do</strong> procuraram essa psicóloga, foi por vossa iniciativa…”Mãe: “Foi, foi, quer dizer, a minha cunhada que é cabeleireira e disse-me para ir lá por causa <strong>do</strong>scomportamentos <strong>do</strong> João, que ela conhecia a Dr.ª. Foi a partir <strong>do</strong> Garcia da Orta, da obesida<strong>de</strong>,que eu procurei à Dr.ª uma consulta <strong>de</strong> psiquiatria ou <strong>de</strong> psicologia que ele ‘tava a precisar e nãotinha um acompanhamento <strong>de</strong> semana a semana. E ela disse: «Deixe lá que a gente vai já tratar <strong>de</strong>marcar isso.», e foi assim. Marcaram para aqui, e eu falei com esta pe<strong>do</strong>psiquiatra porque naescola disseram que ele não tinha direito ao Ensi<strong>no</strong> Especial, mas a Dr.ª disse que sim, que eletinha direito, que ele era um meni<strong>no</strong> a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>, que já trazia problemas <strong>de</strong> maus-tratos. Ele eraum meni<strong>no</strong> muito meiguinho, mas tinha um problema, dizia aos meni<strong>no</strong>s to<strong>do</strong>s que eraa<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>. E eu dizia-lhe sempre: «Oh João, tu não estejas sempre a dizer que és a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong>,porque eles <strong>de</strong>pois começam-te a tratar como inferior». Mas ele dizia, coitadinho. Então ele jurouque…os outros começavam a insultar e a provocá-lo, e a chamar <strong>no</strong>mes aos pais <strong>de</strong>le, e aprofessora castigava-o a ele, que ele chorou tanto na razão <strong>de</strong>le, que disse: «Tu vais pagá-las». O219

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