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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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Prova das escolhas:+: 2 – “Porque o que ‘tava a jogar à corda sozinho ganhou.”10 – “Porque o cão <strong>de</strong>u um mergulho <strong>de</strong>ntro da sanita para ir buscar a bola.”-: 5 – “Porque não tinha nada para eu contar a história e ‘tava-me sempre a atrapalhar.”8 – “É porque a história era muito secante.”Análise <strong>do</strong> protocolo <strong>de</strong> C.A.T. -.A.<strong>Na</strong>s narrativas construídas <strong>no</strong> protocolo <strong>de</strong> CAT-A <strong>de</strong> Afonso verifica-se a representação<strong>de</strong> uma relação <strong>familiar</strong> hostil, confusa, ambivalente, inconsistente e pouco contingente face àsnecessida<strong>de</strong>s percebidas pela criança. Encontra-se presente uma dimensão mais regressiva ligadaà primeira infância, a qual se revela a partir da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong> e protecção numa relaçãodual. As representações <strong>do</strong> imago mater<strong>no</strong> são significativamente ausentes, porém quan<strong>do</strong>evocadas parecem assentes numa dimensão funcional, sem afecto e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprotecção,encontran<strong>do</strong>-se patente uma representação ligada à necessida<strong>de</strong>, à avi<strong>de</strong>z relacional. Por outrola<strong>do</strong>, verifica-se uma intensa ambivalência face à representação <strong>do</strong> imago pater<strong>no</strong>, o qual éevoca<strong>do</strong> tanto <strong>de</strong> uma forma i<strong>de</strong>alizada como agressiva, po<strong>de</strong>rosa e <strong>do</strong>minante. A triangulaçãoedipiana não é integrada e nem a<strong>de</strong>quadamente resolvida, verifican<strong>do</strong>-se muitas dificulda<strong>de</strong>sinerentes aos cartões que abordam o tema <strong>do</strong> conflito edipia<strong>no</strong> e da cena primitiva, não sen<strong>do</strong> oconflito aborda<strong>do</strong> (ou apenas aborda<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma muito superficial) e dan<strong>do</strong> <strong>lugar</strong> a temas maisregressivos. Verificam-se importantes dificulda<strong>de</strong>s ao nível das pulsões agressivas, as quais nãoparecem organizadas e integradas, sen<strong>do</strong> expressas <strong>de</strong> uma forma intensa e crua e em narrativas<strong>de</strong>sorganizadas, pouco contidas e invadidas pelo processo primário <strong>do</strong> pensamento. Ainda que oafecto <strong>de</strong>pressivo seja evoca<strong>do</strong> parece, ainda, existir dificulda<strong>de</strong> em mobilizar recursos inter<strong>no</strong>sa<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s que permitam a resolução <strong>do</strong>s conflitos latentes, pelo que são utiliza<strong>do</strong>s recursos<strong>de</strong>fensivos <strong>de</strong> natureza mais arcaica, através da omnipotência, da projecção e <strong>do</strong> acting out, - pelacorporalida<strong>de</strong> -, patente na irrequietu<strong>de</strong> <strong>do</strong> comportamento e na impulsivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sorganização<strong>do</strong> discurso, as quais revelam importantes dificulda<strong>de</strong>s em mentalizar e representarsimbolicamente as dinâmicas intrapsíquicas. Salienta-se, também, que se encontra patente umatonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressiva, a par <strong>de</strong> uma angústia pre<strong>do</strong>minante <strong>de</strong> aban<strong>do</strong><strong>no</strong>, <strong>de</strong>samparo e perda <strong>de</strong>objecto. Neste senti<strong>do</strong> são evi<strong>de</strong>ntes núcleos <strong>de</strong> maior fragilida<strong>de</strong>, <strong>no</strong>s quais se verifica anecessida<strong>de</strong> da criança <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong> suporte, <strong>de</strong> uma relação securizante e contentora, e o seu<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser (afectivamente) cuida<strong>do</strong> e protegi<strong>do</strong>, remeten<strong>do</strong> para falhas anteriores na relaçãocom uma figura <strong>de</strong> referência protectora e contentora.145

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