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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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vincula<strong>do</strong> ao presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s através da internalização <strong>de</strong> uma representação estável <strong>de</strong>ssafigura (Kernberg, 1989).A literatura parece consensual ao afirmar que é frequente encontrar interacçõespatológicas nas famílias <strong>de</strong> crianças bor<strong>de</strong>rline (Kernberg et al, 2003; Schwoeri & Schwoeri, 1982;Shapiro et al, 1975), perpetuan<strong>do</strong>, a dinâmica intra<strong>familiar</strong>, o funcionamento limite, através,<strong>no</strong>meadamente, <strong>de</strong> uma forte incidência <strong>de</strong> projecções e i<strong>de</strong>ntificações projectivas <strong>no</strong> ambiente<strong>familiar</strong>, o qual, não sen<strong>do</strong> necessariamente causal é objectivamente patológico. Saphiro (1975) ecolabora<strong>do</strong>res constataram que as <strong>de</strong>fesas primitivas, como a i<strong>de</strong>ntificação projectiva e aclivagem, actuam <strong>de</strong> igual forma <strong>no</strong> grupo <strong>familiar</strong>, levan<strong>do</strong> a situações nas quais, por exemplo, acriança assumiria o papel <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s pais, assumin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s pais o papel da criança. Esta teria,por sua vez, <strong>de</strong> modificar a sua experiência objectiva <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as dinâmicas projectivas,sen<strong>do</strong> comprometida a formação <strong>do</strong> ego pela clivagem e pelas projecções e fican<strong>do</strong> a criançaincapaz <strong>de</strong> tolerar a ansieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s pais ou a sua própria (Shapiro et al, 1975). Paulina Kernberg ecolabora<strong>do</strong>res <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que se verifica uma “ansieda<strong>de</strong> relacionada com o apoio à auto<strong>no</strong>mia dacriança e uma negação da sua <strong>de</strong>pendência. Os pais po<strong>de</strong>m utilizar a criança <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong>narcísico, sen<strong>do</strong> as relações diádicas entre a criança e um <strong>do</strong>s progenitores prepon<strong>de</strong>rante”(Kernberg et al, 2003, pg. 165). A natureza caótica e <strong>de</strong>sorganizada da interacção entre pais ecriança po<strong>de</strong> coexistir com comportamentos <strong>de</strong> atenção e protecção inconsistentes (Bemporad etal, 1982).Uma revisão <strong>de</strong> Keinänen e colabora<strong>do</strong>res (2012) realizada <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>rquais os factores <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> psicossocial mais assinala<strong>do</strong>s em artigos teóricos e <strong>de</strong>investigação empírica postula que os que granjeiam maior correlação em termos da etiopatogenia<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> organização são os seguintes: história <strong>de</strong> maus-tratos, traumas e separações nainfância (<strong>no</strong>s quais são compreendi<strong>do</strong>s episódios <strong>de</strong> violência psicológica e física, incluin<strong>do</strong>sexual), história <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong> problemática durante a infância, manifestação <strong>de</strong> um padrão <strong>de</strong>vinculação inseguro, tendência a <strong>de</strong>monstrar um padrão <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> objecto hostis ounegativas e apresentação <strong>de</strong> uma diminuta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mentalização e representação mental esimbólica. Desempenhan<strong>do</strong>, os pais um papel primordial na socialização precoce da criança, asperturbações <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s ao nível das relaçõesintra<strong>familiar</strong>es, das quais se incluem problemas <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, diversos estu<strong>do</strong>sempíricos sustentam que existe uma associação entre parentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfavorável e o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> perturbações <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> em geral, e particularmente <strong>de</strong> O.B.P.(Ban<strong>de</strong>low et al., 2005). A literatura <strong>de</strong>staca, consensualmente, os casos <strong>no</strong>s quais se verifica aexistência <strong>de</strong> antece<strong>de</strong>ntes psiquiátricos <strong>familiar</strong>es, principalmente psicopatologia parental10

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