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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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Análise psicodinâmicaA análise da maneira como a criança se projecta <strong>no</strong> <strong>de</strong>senho da família forneceimportantes da<strong>do</strong>s acerca da sua personalida<strong>de</strong>, da estrutura <strong>do</strong> Id, <strong>do</strong> Ego e <strong>do</strong> Superego, sobreo conflito entre essas instâncias, bem como sobre o mo<strong>do</strong> como esta percebe as relações da suaconstelação <strong>familiar</strong> (Corman, 2003). Neste senti<strong>do</strong>, verificamos que a figura mais investida, jáque colocada numa posição central, a única com recurso à cor (pelo que reflecte maiorexpressivida<strong>de</strong>) e a que Tomás realiza em primeiro <strong>lugar</strong>, trata-se <strong>de</strong> uma representação <strong>de</strong> si,sen<strong>do</strong> este investimento revela<strong>do</strong>r das suas necessida<strong>de</strong>s narcísicas <strong>de</strong> valorização, atenção eafecto pelos restantes membros da família. No mesmo senti<strong>do</strong>, uma vez que os laços que acriança estabelece entre as personagens, na sua projecção gráfica, revelam o mo<strong>do</strong> comoinconscientemente percebe as relações intra<strong>familiar</strong>es, parece verificar-se uma <strong>de</strong>svalorização <strong>do</strong>irmão, coloca<strong>do</strong> na produção abaixo das restantes figuras, levan<strong>do</strong>-<strong>no</strong>s a pon<strong>de</strong>rar que a criançamantém um relacionamento pelo me<strong>no</strong>s difícil com esta figura. Efectivamente, sen<strong>do</strong> comum,<strong>no</strong>rmal e constituin<strong>do</strong>-se por um <strong>do</strong>s mais importantes propulsores <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento infantil(Corman, 2003), a rivalida<strong>de</strong> fraterna parece um <strong>do</strong>s movimentos assinaláveis <strong>no</strong> <strong>de</strong>senho dafamília <strong>de</strong> Tomás. A <strong>no</strong>sso enten<strong>de</strong>r esta parece relacionar-se com a necessida<strong>de</strong> que a criançatem da exclusivida<strong>de</strong> da relação dual com o objecto mater<strong>no</strong>.Por outro la<strong>do</strong>, na distribuição das figuras pelo espaço disponível, o distanciamento <strong>do</strong>spais parece-<strong>no</strong>s evi<strong>de</strong>nte, sen<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong>s em la<strong>do</strong>s opostos da folha, quer po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> revelar aexistência <strong>de</strong> conflito entre ambos, quer correspon<strong>de</strong>r ao <strong>de</strong>sejo inconsciente <strong>de</strong> separar o casal,reflectin<strong>do</strong> a rivalida<strong>de</strong> edipiana. <strong>Na</strong> produção é, igualmente, perceptível o <strong>de</strong>samparo, afragilida<strong>de</strong>, a falta <strong>de</strong> uma base que confira suporte, protecção e segurança, através da distribuiçãodas figuras na folha. Assinala-se, ainda assim, que Tomás parece ter integrada a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong>estrutura <strong>familiar</strong> bem como das diferenças <strong>de</strong> género, o memo não suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> com adiferenciação geracional.<strong>Na</strong> narrativa <strong>de</strong>staca-se a representação <strong>de</strong> que veio perturbar a harmonia da dinâmica<strong>familiar</strong>, <strong>de</strong>signadamente na fratria, com o seu nascimento. De igual mo<strong>do</strong>, a criança pareceperceber a existência <strong>de</strong> conflitualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> contexto <strong>familiar</strong>, a qual é magicamente resolvida porsi. Referem-se, ainda, os movimentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alização da mãe e <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong> para com o pai, e aexistência <strong>de</strong> sentimentos <strong>de</strong> auto-<strong>de</strong>preciação, indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> importantes falhas narcísicas.238

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