13.07.2015 Views

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pais também e viveram felizes para sempre. Vitória, vitória, acabou-se a história. E o pai morreu ea missa acabou. Fim.”Procedimentos fundamentais:IF3 – importância dada às interacções, encenações, diálogos;IF6 – insistência nas representações <strong>de</strong> acção;RE3 – insistência <strong>no</strong> enquadramento, nas <strong>de</strong>limitações e <strong>no</strong>s suportes (em falta);RE5 – sobreinvestimento na qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> objecto.Análise qualitativa:Ainda que o presente cartão remeta para a curiosida<strong>de</strong> sexual infantil e para os fantasmasda cena primitiva, a narrativa elaborada por Afonso parece distanciar-se das solicitações latentes,dan<strong>do</strong> um enfoque nas necessida<strong>de</strong>s regressivas da personagem-bebé, que necessita <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>,atenção e contenção, e portanto <strong>de</strong> uma relação mais dual, escotomizan<strong>do</strong> o outro personageminfantil presente na imagem (po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> tratar-se neste caso, também, <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong>vista da individuação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is ursinhos, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como um só). A elaboração <strong>de</strong>pressiva,segun<strong>do</strong> Boekholt (2000) concomitante com o conteú<strong>do</strong> latente <strong>do</strong> cartão, parece impossível, jáque o registo edipia<strong>no</strong> expectável não se torna evi<strong>de</strong>nte, sen<strong>do</strong> evoca<strong>do</strong>s sentimentos <strong>de</strong><strong>de</strong>sprotecção, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagra<strong>do</strong> face ao material-continente, a cama, eventualmente representativa <strong>do</strong>primeiro continente, o mater<strong>no</strong>. Fundamentalmente, e num primeiro tempo, os imagos parentaisparecem impotentes face à angustia da criança, não contingentes face às suas necessida<strong>de</strong>s(expressas com alguma omnipotência infantil), apenas satisfeitas a posteriori, não pelas capacida<strong>de</strong>sparentais <strong>do</strong>s progenitores, mas por próteses em objectos exter<strong>no</strong>s (compensação narcísica).6.“Gruta, já sei! «O que é que vamos fazer? Vamos fazer uma cama <strong>no</strong>va para nós e quero arranjaruma gruta sem humida<strong>de</strong>.». «Filho, mas essa é a única gruta que existe em Portugal.». E o filhovira-se: «Não, não é pai. Então vamos para outro país. Há grutas em Algarve, em Lisboa, emSetúbal, porque não po<strong>de</strong>mos ir para uma <strong>de</strong>ssas?» e o pai disse: «Oh filho, mas essa é mais perto<strong>de</strong> on<strong>de</strong> os ursos têm família! Por isso temos <strong>de</strong> ficar nessa, senão os ursos vêm atrás <strong>de</strong> nós eatacam-<strong>no</strong>s. E nós po<strong>de</strong>mos morrer.». A mãe ainda não apareceu aqui. E <strong>de</strong>pois a mãe chamoupara ir comer e eles tiveram uma confusão na mesa e os pais chatearam-se. E o urso e a ursaandaram à porrada, e a ursa, que não pertencia à família <strong>do</strong>s ursos, chamou o filho para ir paraoutra gruta. E o filho foi to<strong>do</strong> contente a bater palmas e perguntou à mãe: «Oh mãe, mas ali não140

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!