13.07.2015 Views

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mãe: “Não, até mais ou me<strong>no</strong>s um a<strong>no</strong>. Depois ficou com a avó até ir p’ra pré e na pré <strong>de</strong>pois aavó ia buscá-lo e ficava com ela até que eu saísse <strong>do</strong> trabalho, eles estavam os três numa escolaperto da avó, para ela me dar algum apoio se fosse preciso.”Ψ: “O Tomás começou a ser segui<strong>do</strong> em consultas <strong>de</strong> psicologia porque motivo?”Mãe: “Foi quan<strong>do</strong> foi para a primária, porque quan<strong>do</strong> ele foi para a pré mandaram uma cartapara o Garcia <strong>de</strong> Orta, a pedir que ele fosse visto porque tinha algumas dificulda<strong>de</strong>s. É assim, naaltura eu não liguei muito porque enquanto os outros meni<strong>no</strong>s tinham anda<strong>do</strong> em infantários oTomás não, tinha esta<strong>do</strong> em casa, é diferente, e <strong>no</strong>ta-se bem, então eu não liguei muito, mas<strong>de</strong>ixei mandarem o relatório e aquela coisa toda, como eu já tinha o A e a N a serem segui<strong>do</strong>s.Entretanto, a pe<strong>do</strong>psiquiatra fez uma consulta ou duas com ele, e man<strong>do</strong>u para a psicóloga.”Ψ: “Mas portanto, foi a escola quem referenciou o Tomás…”Mãe: “Foi, porque ele tinha muitas dificulda<strong>de</strong>s, só conseguia trabalhar com jogos, nem sequerqueria saber das histórias que contavam lá na pré, quan<strong>do</strong> lhe faziam perguntas ele nem sequersabia <strong>do</strong> que é que se tinha fala<strong>do</strong>, o interesse <strong>de</strong>le, naquela altura, dizia-me a educa<strong>do</strong>ra, eram oslotos, e os legos, e coisas que ele tivesse que construir.”Ψ: “Sozinho ou com outros meni<strong>no</strong>s?”Mãe: “Normalmente ele gostava <strong>de</strong> trabalhar sozinho, não quer dizer que não brincasse comoutros meni<strong>no</strong>s, ele também brincava, ele sempre foi muito amigo e muito fácil <strong>de</strong> fazerbrinca<strong>de</strong>iras, mesmo <strong>no</strong> parque, quan<strong>do</strong> ia comigo, ele fazia amigos com uma facilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>ida,parecia que já os conhecia. A<strong>do</strong>rava ir ao parque e brincar. <strong>Na</strong> escola, a única dificulda<strong>de</strong> que elessentiam, pronto, é que ele <strong>de</strong>sligava completamente, não conseguia ‘tar numa ca<strong>de</strong>ira sossega<strong>do</strong> atrabalhar, não conseguia acabar as coisas, e a Educa<strong>do</strong>ra começou a ficar preocupada, que elatinha qualquer coisa <strong>de</strong> Ensi<strong>no</strong> Especial, e então começou a trabalhar com ele um pouco mais àparte, e às vezes pedia-me para ficar mais um bocadinho com ele, para fazer umas fichas, umacoisitas com ele, e foi quan<strong>do</strong> ela começou a aperceber-se que havia ali qualquer coisa que nãoestava bem. Depois a pe<strong>do</strong>psiquiatra questio<strong>no</strong>u se a Educa<strong>do</strong>ra achava melhor ele repetir a préou passar para o primeiro a<strong>no</strong>, ela andava um bocadinho in<strong>de</strong>cisa e <strong>de</strong>pois ela disse: «vamosexperimentar que ele passe para o primeiro a<strong>no</strong>, po<strong>de</strong> ser que até dê um salto». Ele realmente foimas <strong>no</strong>tou-se realmente que ‘tava atrasa<strong>do</strong> em relação aos outros, mesmo a fazer o <strong>no</strong>me, aapren<strong>de</strong>r certas coisas, ele ig<strong>no</strong>rava.”Ψ: “E ao que é que os pais atribuem essa situação?”Mãe: “Eu na altura nem sabia bem. Pensava que era <strong>de</strong> ele ‘tar con<strong>no</strong>sco até mais tar<strong>de</strong> em casa,apesar <strong>de</strong> que os outros também tiveram e pronto, eram diferentes, mas há sempre crianças commais facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem e outras com mais dificulda<strong>de</strong>, e eu fiquei sempre naquela coisa«oh, se calhar ele tem mais dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> que os outros», não liguei muito ao assunto na altura.Quan<strong>do</strong> foi na primeira classe fiquei um boca<strong>do</strong> preocupada, não é, porque ele já se sentia, osoutros conseguirem ler e ele não conseguir, comecei a <strong>no</strong>tar que ele ‘tava a ficar um boca<strong>do</strong> triste.E <strong>de</strong>pois a professora era constantemente reca<strong>do</strong>s na ca<strong>de</strong>rneta, porque o Tomás <strong>de</strong>sorienta umaturma <strong>de</strong> 22 meni<strong>no</strong>s, to<strong>do</strong>s os dias havia reca<strong>do</strong>s.”261

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!