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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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Mãe: “É, até com o meu sogro, ele ia para o cumprimentar com um beijo e ele estica-lhe a mão.O pai às vezes «dá-me lá um bjinho <strong>de</strong> boa <strong>no</strong>ite» e ele primeiro que dê…”Pai: “E ele tem uma coisa que ele às vezes não sabe quan<strong>do</strong> é que há-<strong>de</strong> parar. Eu à <strong>no</strong>ite gosto <strong>de</strong>’tra um bocadinho na palhaçada com eles, nem que seja um minuto ou <strong>do</strong>is e às vezes «chega,vamos <strong>do</strong>rmir», e ele não sabe parar, às vezes já chateia, ele continua naquela coisa…”Mãe: “Ele não sabe que quan<strong>do</strong> a gente diz não é não, ele tenta sempre ir até ao limite.Enquanto que o A agente diz: «não, acabou», o A aceita. E agora ‘tá numa faze que eu às vezesaté digo «Mas tu tens que ida<strong>de</strong>? Tu fizeste agora 8 a<strong>no</strong>s, e ainda ‘tás pior!». Porque ele agora numcoiso, num riso, que até irrita, a gente diz qualquer coisa e ele ri-se, ri-se, parece que ‘tá sempre agozar com a gente…”Pai: “E grita e <strong>de</strong>pois começa a chorar…”Mãe: “Ele agora, por tu<strong>do</strong> e por nada grita, por tu<strong>do</strong> e por nada, se a gente lhe diz alguma coisaque ele não gosta, chora…”Pai: “Anda satura<strong>do</strong> com qualquer coisa.”Mãe: “Há qualquer coisa.”Ψ: “Ele tem amigos preferenciais?”Mãe: “Ele anda sempre com uma menina que ele diz que é namorada <strong>de</strong>le, ela é um bocadinhomaria-rapaz, mas prontos. Ela é que lhe guarda o <strong>lugar</strong> <strong>no</strong> refeitório p’ra comer e tu<strong>do</strong>, é umacoisa os <strong>do</strong>is, andam sempre os <strong>do</strong>is. Com os rapazes este a<strong>no</strong> nesta turma ele não se dá assimmuito bem. Quem lhe bateu da outra vez não foram os meni<strong>no</strong>s da turma <strong>de</strong>le, não tem nada aver, são uns meni<strong>no</strong>s gran<strong>de</strong>s. Ele ‘tava a brincar na caixa da areia e apareceu lá um miú<strong>do</strong> e eledisse: «sai daqui que eu ‘tou a brincar», e o outro atirou-lhe areia. Acho que ele se passou, o outro<strong>de</strong>u-lhe um empurrão e ele também, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u-se. Ele é bruto, mas o outro era maior e acho quefoi buscar outros. Ele é magrinho e coiso mas é bruto, e quan<strong>do</strong> se enerva vai tu<strong>do</strong> à frente.”Pai: “Fica vermelho aqui <strong>de</strong> la<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong> o que consegue atirar, jogar, vai tu<strong>do</strong>…”Mãe: “Ele é fraganito e tu<strong>do</strong> mais vai tu<strong>do</strong> à frente, e na escola como não se conseguir <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rtremia por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, ‘tava tão exalta<strong>do</strong>, tão nervoso, chorava baba e ranho. Nesse dia, nãose foi <strong>do</strong>s nervos se <strong>do</strong> que foi, ele encheu-se <strong>de</strong> diarreia. Eu já <strong>no</strong>tei que quan<strong>do</strong> ele se enervacom qualquer coisa <strong>de</strong>sarranja-lhe o estômago e vai constantemente à casa <strong>de</strong> banho.”Ψ: “Que expectativas é que os pais têm agora, que ele este a<strong>no</strong> seja aprova<strong>do</strong>?”Mãe: “É assim, em princípio penso que sim, pronto… ela a única coisa que me disse era ocomportamento, continua a ser o comportamento... Diz que está lá mas não está lá muitas dasvezes. Quan<strong>do</strong> a pe<strong>do</strong>psiquiatra lhe passou o Concerta diz que <strong>no</strong>s primeiros dias ainda <strong>no</strong>toualguma coisa, a primeira semana pronto. Diz que ainda <strong>no</strong>tou alguma coisa. Diz que agora não<strong>no</strong>ta absolutamente nada. A pe<strong>do</strong>psiquiatra <strong>de</strong>pois man<strong>do</strong>u-lhe dar um Riperidal à <strong>no</strong>ite, diz quenão <strong>no</strong>ta nada. Quer dizer, pronto… daqui a pouco o miú<strong>do</strong>… E então eu disse-lhe: «Então olhe265

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