Na Terra do Nunca, no lugar de ninguÃƒÂ©m: dinÃƒÂ¢mica familiar ...

More documents

Recommendations

Info

percurso destes pais, avós, condenados, por ignorância, a repetir padrões ou pelo menos a agirneles inspirados; efectivamente o passado, por vezes, pesa. Todavia, de nada vale o olharculpabilizante, pois efectivamente, ninguém dá aquilo que não possui, é com as notas queaprendemos que desenhamos a pauta, às vezes torta e pouco harmoniosa, da melodia da vida.Com as crianças borderline percebemos porque os designam de fronteira, fronteira entre crescere permanecer na Terra do Nunca, onde pelo menos idílico o afecto profundo e nutriente de umcolo familiar existirá para sempre; fronteira ente aproximar-se e afastar-se, entre ter e perder; é,no fundo, esta fronteira que garante a possível estabilidade inerente à instabilidade da incertezadestes funcionamentos. Não nos enganemos, esta é a organização possível perante o vazio e afragilidade da existência. Percebemos nestas crianças que elas lutam, desafiam as possibilidades econfiam desconfiando, mantendo a esperança num olhar enfim contentor e protector que os façarecuperar e a quem possam dar a mão e ligar a um elo saudável.Sabemos que as crianças com um funcionamento limite lançam-nos um pedido desocorro contra um estado mental de vazio, de letargia, de inconstância, traduzidos num agirpermanente. Afonso foge, enfim, à depressão, num agir constante que mais parece um turbilhão;João procura um colo que o proteja e o ame sem condições; Tomás precisa de saber que oMundo é um lugar maravilhoso e seguro e que, para o descobrir e poder crescer, o amor dos paisnão aperte mas sim observe e segure. Compreender estas crianças, as suas representações, a suahistória, o seu funcionamento, significa poder ajudá-las melhor. Sem uma intervenção adequada,a qual passa necessariamente pela compreensão profunda numa perspectiva dimensional e nãoapenas semiológica do seu funcionamento intrapsíquico, a criança continuará a vivenciar aintensa dor da separação e a angústia do constante abandono, um sofrimento interno que oacompanhará pela idade adulta.Para estas crianças, pensar significa ter consciência clara de uma realidade impossível desuportar para um Eu frágil e mal organizado no plano defensivo. Pensar é sofrer, é terque entender o não-dito de um passado pessoal, familiar e cultural onde o afecto nãoligou a curiosidade e a avidez da criança ao mundo objectal dos símbolos, das palavras edas coisas (Ferreira, 1990/2002).59
Referências bibliográficasAaronson, C. J., Bender, D. S., Skodol, A. E. & Gunderson, J. G. (2006). Comparison ofattachment styles in borderline personality disorder and obsessive-compulsive personalitydisorder. Psychiatric Quarterly, 77, 69-80.Adler, G. & Buie, D. (1979). Aloneness and borderline psychopathology: the possible relevanceof child developmental issues. International Journal of Psychoanalysis, 60, 83-96.Agrawal, H. R., Gunderson, J., Holmes, B. M. & Lyons-Ruth, K. (2004). Attachment studies withborderline patients: a review. Harvard Review of Psychiatry, 12 (2), 94-104.Aguiar, E. (2004). Desenho Livre Infantil: Leituras Fenomenológicas. Rio de Janeiro: E-Papers.Ajuriaguerra, J. (1980). Manual de Psiquiatria Infantil (2ª ed.). Rio de Janeiro: Atheneu.Aleixo, T. (1999). As identificações na latência: as relações de/com objectos – o método C.A.T. Dissertaçãode Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica. Lisboa: Instituto Superior dePsicologia Aplicada.Alexandre, M. F. G. (2007). Mudanças psíquicas no processo terapêutico – o papel do narcisismo. FendaEdições.Algarvio, S. & Leal, I. (2004). Preocupações parentais: validação de um instrumento de medida.Psicologia, Saúde & Doenças, 5 (1), 145-158.American Psychiatric Association (1996/2002). DSM-IV- Manual de Diagnóstico e Estatística dasPerturbações Mentais. Lisboa: Climepsi Editores.Arrindel, W.A., Gerlsma, C., Vandereycken, W., Hegeman, W. J. J. M., & Daeseleire, T. (1998).Convergence validity of the dimensions underlying the parental bonding instrument (PBI)and the EMBU. Personality and Individual Differences, 24 (3), 341-350.60
Page 2 and 3:
Dissertação de Mestrado realizada
Page 4 and 5:
AgradecimentosAo Professor Dr. Emí
Page 6 and 7:
AbstractThe Borderline Personality
Page 8 and 9:
Referências bibliográficas 59VII
Page 10 and 11:
2º Desenho da figura humana 123Aut
Page 12 and 13:
IntroduçãoO ambiente familiar é
Page 14 and 15:
Enquadramento teóricoA construçã
Page 16 and 17:
Em meados de 1940, Margaret Mahler
Page 18 and 19:
Por conseguinte, observamos que a c
Page 20 and 21: concomitantes com o comportamento m
Page 22 and 23: (Bradley, 2005; Meekings & O’Brie
Page 24 and 25: separação-individualização) e a
Page 26 and 27: acompanhados presentemente neste se
Page 28 and 29: personagens animais (de forma a fac
Page 30 and 31: Este instrumento psicológico compr
Page 32 and 33: ealidade afectiva da criança avali
Page 34 and 35: indicação da autora, todos os ite
Page 36 and 37: Tabelas de síntese dos dados prove
Page 38 and 39: Estudos de casoAfonsoAfonso vem à
Page 40 and 41: Na escola são descritas dificuldad
Page 42 and 43: JoãoJoão é um menino de 11 anos,
Page 44 and 45: e que remetem para os tempos de ins
Page 46 and 47: mecanismos defensivos empregues na
Page 48 and 49: subjacente de crescimento e autonom
Page 50 and 51: imaturidade gráfica, bem como as d
Page 52 and 53: separação e perda do objecto e a
Page 54 and 55: uma ataque se tratasse, e não algo
Page 56 and 57: DiscussãoA presente investigação
Page 58 and 59: Comuns em todos os casos foram, tam
Page 60 and 61: caso particular desta investigaçã
Page 62 and 63: sustentar a hipótese de que a evid
Page 64 and 65: graves clivagens de que foi alvo. P
Page 66 and 67: uma inconsistência narcísica que
Page 68 and 69: a possível existência de ambival
Page 72 and 73: Bandelow, B., Krause, J., Wedekind,
Page 74 and 75: Dias, C. A. (2004). Costurando as l
Page 76 and 77: Keinänen, M., Johnson, J., Richard
Page 78 and 79: Paris, J. (2000). Childhood precurs
Page 80 and 81: Zanarini, M. C., Gunderson, J. G.,
Page 82 and 83: Tabela de estudos empíricosAnexo A
Page 84 and 85: Kirsten, D., van Lellyveld, V. & Ve
Page 86 and 87: sexo feminino que reportavamneglig
Page 88 and 89: Johnson, J. C., Cohen, P., Chen, H.
Page 90 and 91: Teste projectivo constituídoAvalia
Page 92 and 93: Aleixo, T. (1999). As identificaç
Page 94 and 95: Descrição do Método UtilizadoAne
Page 96 and 97: 1. Fluctuation of functioning;2. Se
Page 98 and 99: Anexo ECritérios Diagnósticos par
Page 100 and 101: Consentimento InformadoEu, ________
Page 102 and 103: Anexo HGuião de entrevistaPaisTrat
Page 104 and 105: Estado civilMãeCasado/a Desde_____
Page 106 and 107: Anexo JQuestionário de Dimensões
Page 108 and 109: Agora, para cada frase, diga com qu
Page 110 and 111: Por favor, para cada frase diga com
Page 112 and 113: Anexo LQuestionário de coparentali
Page 114 and 115: Anexo N103
Page 116 and 117: 105
Page 118 and 119: 107
Page 120 and 121:
109
Page 122 and 123:
36. Às vezes, apetece-me fazer coi
Page 124 and 125:
Anexo QAnálise dos CasosCaso Afons
Page 126 and 127:
cuidado/holding”), manifestando m
Page 128 and 129:
atitude caracterizada como positiva
Page 130 and 131:
Desenho livre119
Page 132 and 133:
1º Desenho da Figura Humana121
Page 134 and 135:
inclusivamente informar quanto ao a
Page 136 and 137:
Questionamento:1. Quem é esta pess
Page 138 and 139:
Questionamento:1. Quem é, que idad
Page 140 and 141:
Desenho da família segundo CormanF
Page 142 and 143:
humilhação face à figura masculi
Page 144 and 145:
Questionamento:1. Quem são estas p
Page 146 and 147:
Children’s Apperception Test - an
Page 148 and 149:
solicitações latentes, já que Af
Page 150 and 151:
Análise qualitativa:O presente car
Page 152 and 153:
há morcegos e humidade?». «As gr
Page 154 and 155:
Procedimentos fundamentais:RA2 - dr
Page 156 and 157:
Prova das escolhas:+: 2 - “Porque
Page 158 and 159:
Resultados de sobreprotecção mate
Page 160 and 161:
em si uma dimensão de agressividad
Page 162 and 163:
protectora e cuidadosa para com o i
Page 164 and 165:
Entrevista com os paisΨ: “Olá b
Page 166 and 167:
Mãe: “Oh…Ficámos felizes porq
Page 168 and 169:
Pai: “Fez birra mesmo!”Mãe:
Page 170 and 171:
Mãe: “Tinha para aí 11 meses, 1
Page 172 and 173:
Ψ: “Não dedica muito tempo a um
Page 174 and 175:
Mãe: “O Afonso não falou.”Ψ:
Page 176 and 177:
Ψ: “E aí começaram as alteraç
Page 178 and 179:
Mãe: “É isso e chamar a atenç
Page 180 and 181:
Pai: “Não faz nada por interesse
Page 182 and 183:
Mãe: “O Afonso é mesmo…ele te
Page 184 and 185:
Mãe: “O Afonso quando ‘tá mai
Page 186 and 187:
Resultados no Questionário de Copa
Page 188 and 189:
Resultados da Escala de Preocupaç
Page 190 and 191:
Caso JoãoHistória clínicaJoão v
Page 192 and 193:
Quando foi adoptado, aos seis anos,
Page 194 and 195:
convictamente que ele é mau, que t
Page 196 and 197:
EntrevistaJoão inicia a entrevista
Page 198 and 199:
História“Este sou eu… Este tem
Page 200 and 201:
Questionamento:1. Quem é, que idad
Page 202 and 203:
2º Desenho da figura humana - sexo
Page 204 and 205:
Desenho da família segundo CormanI
Page 206 and 207:
epresentação de desencontro com q
Page 208 and 209:
Questionamento:1. Quem são estas p
Page 210 and 211:
Page 212 and 213:
RA1 - expressão verbalizada de afe
Page 214 and 215:
Análise da narrativa:No cartão cu
Page 216 and 217:
VIII - “Foi engraçado ele a faze
Page 218 and 219:
lugar, em relação ao envolvimento
Page 220 and 221:
tripartido mencionado anteriormente
Page 222 and 223:
diferenças entre o relacionamento
Page 224 and 225:
Mãe: “Mas era má…muita má. E
Page 226 and 227:
Mãe: “O encontro foi lá, com el
Page 228 and 229:
Ψ: “E em termos de suporte socia
Page 230 and 231:
situação com uma professora, que
Page 232 and 233:
Pai: “Mas ele também não pode t
Page 234 and 235:
Resultados de Coparentalidade - per
Page 236 and 237:
AnáliseAtendendo aos resultados na
Page 238 and 239:
das palavras, tendo a criança come
Page 240 and 241:
Desenho livre229
Page 242 and 243:
1º Desenho da figura humana (femin
Page 244 and 245:
esses dois, 1000 dias e depois o do
Page 246 and 247:
Questionamento:1. Quem é esta pess
Page 248 and 249:
“Hoje não ‘tou bem, hoje vomit
Page 250 and 251:
Page 252 and 253:
urso ficou feliz porque já não ha
Page 254 and 255:
5.(…) suspiraOs dois bebés. Os d
Page 256 and 257:
EI2 - anonimato, razões dos confli
Page 258 and 259:
elacionadas com alguma conflitualid
Page 260 and 261:
Resultados de sobreprotecção mate
Page 262 and 263:
Por outro lado, verifica-se uma gra
Page 264 and 265:
Em termos das relações intrafamil
Page 266 and 267:
perguntar o que é que ele achava
Page 268 and 269:
Mãe: “Eu acho que dos três é o
Page 270 and 271:
Mãe: “O que mais me fazia confus
Page 272 and 273:
Mãe: “Não, até mais ou menos u
Page 274 and 275:
faz,’tá a perceber?” (a mãe r
Page 276 and 277:
Mãe: “É, até com o meu sogro,
Page 278 and 279:
Ψ: “Para terminarmos, algum marc
Page 280 and 281:
volta, tem oito anos, mas quando ch
Page 282 and 283:
Resultados do Questionário de Copa
Page 284 and 285:
AnáliseAtravés das respostas à E
Page 286 and 287:
Estilo permissivo - percepção da
Page 288 and 289:
QUESTIONÁRIO DE COPARENTALIDADEMã
Page 290 and 291:
Tabela completaNValorMínimoValorM
Page 292 and 293:
Expectativas clarasNValorMínimoVal
Page 294 and 295:
Antecedentes psicopatológicosCARAC
Page 296:
285
show all

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguÃƒÂ©m: dinÃƒÂ¢mica familiar ...

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?