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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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em manifestações <strong>de</strong> intensa ansieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> separação face à mãe alternada com uma retirada e umaparente <strong>de</strong>sligamento afectivo.Observamos, igualmente, com interesse a ausência <strong>de</strong> um objecto transitivo na infânciaprecoce <strong>do</strong>s meni<strong>no</strong>s investiga<strong>do</strong>s (já <strong>de</strong>scrita por Kernberg et al, 2003), a qual <strong>no</strong>s faz perfeitosenti<strong>do</strong>, na medida que a sua existência pressupõe a internalização <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> objectopositiva com a mãe. Sem experiências intermédias <strong>de</strong> reparação, observamos a procura <strong>de</strong>stascrianças <strong>do</strong> contacto físico directo com a mãe, em busca <strong>de</strong> uma proximida<strong>de</strong> sensorial quasesimbiótica que ofereça conforto e contenção. Posto isto, parece confirmar-se a hipótese <strong>de</strong> Adler(1985) a qual indica que nestas crianças se verifica uma ausência <strong>de</strong> introjecções conforta<strong>do</strong>ras etranquiliza<strong>do</strong>ras, transposta, posteriormente, para a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer uma memóriaevocativa, na qual a criança pu<strong>de</strong>sse criar uma imagem contentora <strong>de</strong> uma figura materna naausência física da mãe.O <strong>de</strong>senvolvimento posterior <strong>de</strong>stas crianças foi, numa fase seguinte (entre os quatro e osseis a<strong>no</strong>s), marca<strong>do</strong> por aquilo que Palacio-Espasa (2004) <strong>de</strong>screve como precursorespatog<strong>no</strong>mónicos <strong>do</strong> funcionamento limite na infância, <strong>de</strong>signadamente, manifestações clínicas,indicadas pelos pais na entrevista e <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>s consulta<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> irrequietu<strong>de</strong> e instabilida<strong>de</strong>psicomotora, dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atenção e concentração, alterações <strong>de</strong> comportamentoacompanhadas <strong>de</strong> crises <strong>de</strong> raiva e agressivida<strong>de</strong>, tendência para a excessiva proximida<strong>de</strong>(contacto algo indiferencia<strong>do</strong>) e para a euforia - diríamos que como uma fuga maníaca aosesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>pressivos -, acompanhada por perturbações da simbolização, especialmente evi<strong>de</strong>ntesquan<strong>do</strong> se tratava <strong>de</strong> encontrar mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> elaboração <strong>do</strong>s fantasmas agressivos, portanto daspulsões emergentes não integradas. Foi consensual encontrar gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s em conter econtrolar as dinâmicas pulsionais e a conflitualida<strong>de</strong> interna, dada a manifesta vulnerabilida<strong>de</strong> efragilida<strong>de</strong> psíquicas, daí que habitualmente se consi<strong>de</strong>ra a organização bor<strong>de</strong>rline a patologia <strong>do</strong>agir, sen<strong>do</strong> o sofrimento <strong>de</strong>scarrega<strong>do</strong> imprevisível e impulsivamente. O jogo e o discurso <strong>de</strong>stesmeni<strong>no</strong>s parecem muito liga<strong>do</strong>s ao concreto, e as falhas que manifestam a nível escolar mesmocom um potencial cognitivo <strong>de</strong>ntro da média parecem sinal <strong>de</strong> falhas <strong>no</strong> investimento parental(lembra-<strong>no</strong>s Tomás, o patinho feio que queria crescer e gratificar a família).À medida que estas crianças cresciam, quiçá pela falência ou insuficiência <strong>do</strong>s registos<strong>de</strong>fensivos (<strong>de</strong> acting-out) até aí utiliza<strong>do</strong>s, as queixas <strong>de</strong>pressivas (choro, labilida<strong>de</strong> emocional,baixa auto-estima, inibição e isolamento em to<strong>do</strong>s os meni<strong>no</strong>s) começaram a assumir umarelevância significativa, <strong>de</strong>scrita pelos pais, professores e Técnicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental, as quaistraduzem importantes falhas narcísicas e surgem acompanhadas <strong>de</strong> manifestações sérias <strong>de</strong>perturbações ao nível da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, também fruto da fragilida<strong>de</strong> da estrutura <strong>do</strong> Ego face às52

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