13.07.2015 Views

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mãe: “Os terríveis…”Pai: “Porque preferência <strong>de</strong> um ele não tem, brinca com to<strong>do</strong>s. Melhores amigos ele não tem,porque hoje po<strong>de</strong>m ser amigos e amanha já não, por isso ele não consegue ter assim só umamigo. O Afonso é assim, fracções <strong>de</strong> segun<strong>do</strong>s, ora tá bem, ora não ‘tá. Não tem rancor aninguém. É uma criança <strong>de</strong> se levar bem, e <strong>de</strong> se dar bem com toda a gente.Mãe: “A única coisa é que ele diz que não consegue…é o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong>le, «não sei, não consigo».”Pai: “«Oh pai não sei, oh pai não consigo»…”Mãe: “Diz logo que não consegue e bate naquela até ao fim.”Ψ: “E se tiver algum reforço, consegue?”Os <strong>do</strong>is: “A gente ajuda…”Pai: “Pai: “E com reforço ele acaba por fazer.”Mãe: “É <strong>de</strong>sconfia<strong>do</strong> se falam mal <strong>de</strong>le…”Pai: “É isso das atitu<strong>de</strong>s… Eu acho que o Afonso não tem capacida<strong>de</strong> para ter <strong>de</strong>sconfianças <strong>de</strong>ninguém, não consegue analisar isso.”Mãe: “É como nós, se virmos um grupinho a olhar e a falar já vamos achar que ‘tão a falar mal<strong>de</strong> nós.”Pai: “Ele só consegue tirar provas se tiver a falar consigo e você o puser <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, é aí que eleparte para as parvoíces <strong>de</strong>le. É isso só, mais nada, <strong>de</strong> resto ele não tem malda<strong>de</strong> nenhuma. Mãe:“Não pensa p’a ter malda<strong>de</strong>.”Mãe: “A gente só <strong>no</strong>ta que o Afonso tá pior quan<strong>do</strong> o Afonso veste o casaco e não tira ocarapuço.”Pai: “A gente aí vê que há qualquer coisa que não tá bem. Abafa-se mesmo, a ele próprio.”Ψ: “É a vossa maneira <strong>de</strong> reconhecer quan<strong>do</strong> o Afonso não está bem…”Mãe: “Sim, até na escola e tu<strong>do</strong>, ele mete o carapuço e não tira.”Pai: “É quan<strong>do</strong> ‘tá a guardar alguma coisa que não quer contar à gente, ele faz isso, protege,abafa-se. Aí eu já sei.”Mãe: “O Afonso é aquela criança que sempre que eu vou à escola fazem-me queixas <strong>do</strong> Afonso.E a preocupação <strong>de</strong>le «Não vais dizer ao pai, pois não?», digo-lhe que não, mas <strong>de</strong>pois conto aopai e digo-lhe p’ra não dizer nada que eu prometi-lhe que não dizia.”Pai: “Mas eu já sei que não posso ‘tar lá que senão ta a professora ou a funcionária a falar e elecomeça a chorar, fica nervoso só com a minha presença lá.”172

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!