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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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intrinsecamente liga<strong>do</strong>s (“julga-se adulto”, “«Pai, já ‘tou a crescer, ‘tou a ficar um homem!»”),reforça<strong>do</strong>s igualmente pelas mudanças pubertárias que se encontram a ocorrer.Os pais <strong>de</strong>stacam algumas características da criança, positivas e negativas. Dizem, por umla<strong>do</strong>, que se trata <strong>de</strong> uma criança meiga, solidária, atenciosa e preocupada, não exigente mas queprecisa muito <strong>de</strong> atenção e afecto. Referem, <strong>no</strong> entanto, que Afonso é um meni<strong>no</strong> muitoimpulsivo, muito irrequieto, que não aceita regras nem ser corrigi<strong>do</strong> em frente <strong>de</strong> outros, comuma instabilida<strong>de</strong> transversal a vários <strong>do</strong>mínios (relações com adultos e pares e <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>activida<strong>de</strong>s/tarefas) que indicam ser constitucional da criança, e agressivo, ainda que justifiquemactualmente os comportamentos agressivos <strong>do</strong> filho com factores exter<strong>no</strong>s (escola, colegas,provocações), sem se evi<strong>de</strong>nciar qualquer tipo <strong>de</strong> insight ou ressonância acerca <strong>do</strong> seu papelparental e das suas implicações na regulação <strong>do</strong>s comportamentos da criança. É, também,mencionada pelos pais a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Afonso <strong>de</strong> ser elogia<strong>do</strong> e reforça<strong>do</strong>, concomitante comsentimentos <strong>de</strong> insegurança e <strong>de</strong> auto-<strong>de</strong>preciação, os quais revelam as já conhecidas eimportantes falhas narcísicas. Indicam que Afonso sente uma intensa ansieda<strong>de</strong> em situações nasquais se encontra fecha<strong>do</strong> num espaço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da presença <strong>do</strong>s pais, fican<strong>do</strong>geralmente em pânico e com falta <strong>de</strong> ar (angústia claustrofóbica que po<strong>de</strong> ser encontrada emindivíduos com funcionamento limite (Sá, 2009)). Como estratégias educativas, os pais indicamque preferem a<strong>do</strong>ptar os castigos <strong>do</strong> que as punições físicas, porém o pai revela que se a mãebatesse mais <strong>no</strong>s filhos conseguiria maior respeito. A mãe, por outro la<strong>do</strong>, diz sentir-se impotenteperante a criança, acreditan<strong>do</strong> que o pai tem maior controlo e autorida<strong>de</strong> sobre os seuscomportamentos, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> também dificulda<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>limitar as fronteiras geracionais,entre ela e os filhos.São mencionadas dificulda<strong>de</strong>s precoces grafo-motoras e <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista simbólico(“não sabia <strong>de</strong>senhar, não fazia uma bola”), a par <strong>de</strong> uma aparentemente dificulda<strong>de</strong> da criançaem fantasmizar (“ele não gosta <strong>de</strong> fantasias, gosta mais <strong>de</strong> viver a realida<strong>de</strong>”). Oscomportamentos hetero-agressivos severos parecem ter começa<strong>do</strong> durante a pré-primária,<strong>no</strong>meadamente para com os colegas e <strong>familiar</strong>es próximos, crianças e adultos. Depois <strong>de</strong>questiona<strong>do</strong>s, os pais atribuíram primeiramente a disruptivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes comportamentos ao local<strong>de</strong> residência, mas posteriormente ao temperamento da própria criança.152

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