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Na Terra do Nunca, no lugar de ninguém: dinâmica familiar ...

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anteriormente, verifica-se que o aspecto mais positivamente assinala<strong>do</strong> se trata <strong>do</strong> factor SuporteEmocional (=3,14), segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> factor Tentativa <strong>de</strong> Controlo (=2,1), o qual prece<strong>de</strong> o último factor,Rejeição (=1,87).Análise da entrevista com os pais<strong>Na</strong> entrevista realizada com os pais <strong>de</strong> Afonso procurou-se obter informação relativa àinfância da criança, em termos não só <strong>do</strong>s aspectos <strong>de</strong>senvolvimentais mais relevantes, mastambém da dinâmica <strong>familiar</strong> na qual ela se insere. A entrevista <strong>de</strong>correu com um climaemocional positivo, revelan<strong>do</strong>-se os pais bastante acessíveis e disponíveis. Posto isto, parece-<strong>no</strong>spertinente <strong>de</strong>stacar alguns <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s mais relevantes que foram reporta<strong>do</strong>s para os pais, emtermos da pertinência clínica e <strong>de</strong> investigação. A entrevista teve início com os temas da gravi<strong>de</strong>ze nascimento da criança, <strong>no</strong>s quais <strong>de</strong>stacamos a falta <strong>de</strong> um planeamento em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong>stagravi<strong>de</strong>z, que só vem a ser <strong>de</strong>scoberta aos 4 meses <strong>de</strong> gestação, o que não significan<strong>do</strong> a falta <strong>do</strong><strong>de</strong>sejo por um bebé, já que o casal manifestava vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir um projecto <strong>de</strong> família comfilhos, implica a existência <strong>de</strong> quatro meses <strong>de</strong> um vazio fantasmático, um <strong>de</strong>sconhecimento naressonância íntima que ocupava o <strong>lugar</strong> <strong>de</strong> um bebé que precisava <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>seja<strong>do</strong>, queri<strong>do</strong> e <strong>de</strong>ganhar um <strong>lugar</strong>, um espaço <strong>de</strong> elaboração e <strong>de</strong> afecto. Po<strong>de</strong>mos, então, consi<strong>de</strong>rar, este, oprimeiro vazio da criança, o vazio da primeira existência. A gravi<strong>de</strong>z foi <strong>de</strong> risco, com ameaças <strong>de</strong>parto recorrentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 5 meses, e uma instabilida<strong>de</strong> reconhecida <strong>no</strong> bebé que parece, numaleitura posterior da mãe, extremamente inquietante e o primeiro indício <strong>do</strong> temperamento <strong>de</strong>Afonso cuja impulsivida<strong>de</strong> e pressa para ver o mun<strong>do</strong> fez nascer antes <strong>do</strong> tempo, aos 8 meses.Indicam que ficaram felizes por ser um rapaz, embora quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s refiram não terexpectativas <strong>de</strong> maior, já que “era mais um”. A mãe permaneceu sozinha <strong>no</strong> momento <strong>do</strong> parto(“ele não vai assistir, não tem coragem”), circunstâncias recordadas como <strong>de</strong> intenso sofrimentofísico.Em relação à escolha <strong>do</strong> <strong>no</strong>me, trata-se da terceira geração masculina, pelo la<strong>do</strong> pater<strong>no</strong>,com o mesmo <strong>no</strong>me, um pedi<strong>do</strong> da avó paterna aceite pela mãe, embora releve que não seria asua preferência. No que concerne a acontecimentos significativos na infância <strong>de</strong> Afonso, os pais<strong>de</strong>stacam a perda a avó paterna aos três a<strong>no</strong>s, situação que a criança diz recordar mas que os paisrelativizam e dizem não ser possível (“ele ouve-<strong>no</strong>s a falar e vai construin<strong>do</strong>”), bem como a perda<strong>do</strong> avô aos sete a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> quem a criança era muito próxima e com quem viviam, essa sim sentidapelos pais como mais difícil para Afonso.Os pais abordam diversas vezes a dinâmica da fratria, estabelecen<strong>do</strong> comparações emdiversas ocasiões, particularmente com a filha mais velha. Indicam que esta sempre foi muito150

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